Passei a vida inteira tentando entender o porque de não poder deixar de escrever e até mesmo, quando impossibilitada por alguma razão, gravava compulsivamente a enxurrada de palavras que brotava de minha mente e após fazê-lo, o meu todo se harmonizava, como se eu fosse abraçada por uma brisa suave e refrescante, a mesma que me abraça até hoje, quando, também por alguma razão, necessito extravasar o belo, o fascinante ou algo que me choca, assusta, afronta ou simplesmente, amedronta.
A leitura é o descortinamento de infinitos universos, afinal, tudo que se possa imaginar, advém da criação humana e esta, das experiências empíricas, emocionais e sentimentais de quem escreve, daí, aprender-se tanto, assim como é possível em algumas delas, nos identificarmos em gostos, forma de ser e de agir. Afinal, cada mente humana é um universo, com necessidades muito parecidas.
Nesta bendita madrugada ao ler mais uma vez o universo de Santo Agostinho, não só encontrei a resposta para a minha necessidade em escrever como o próprio ar que respiro, assim como identifiquei a fundamental razão lógica em fazê-lo e, impossível não embaçar as lentes dos meus óculos, com lagrimas de emoção, neste instante em que registro em mais um escrito.
Entendi também que minha rejeição ao bruto, ao feio e ao inóspito, assim como o repetitivo, o sempre igual, o não imaginativo, fazem parte de universos que simplesmente, não combinam com minha natureza amorosa ao ponto de em muitas ocasiões ter dado principalmente a mim, a impressão de ser uma idiota, anormal criatura em meio as demais.
Foram e são tantas as sensações de deslocamento, como se eu estivesse fora do contexto apresentado.
Quanto esforço meu Deus para apenas permanecer, tentando não fazer "feio"...
Bendito Santo agostinho e sua mente universalizada numa época de tão poucas informações, ficando a mesma como um rio caudaloso a deslizar em palavras suas impressões, muitas vezes do nada ou do tudo que o cotidiano e as leituras lhe proporcionaram.
Penso então, na pobreza universal das mentes dos tempos atuais, onde somente se é capaz de copiar e colar sem qualquer análise e compreensão fundamentada em bases sólidas, seja lá o que for, para em seguida ser reproduzida sem maiores critérios, exacerbando e ultrapassando qualquer limite que garanta uma convivência um pouco mais adequada...
Ah! Como anda escassa a necessidade em sentir o ar de si mesmo, selecionando e promovendo o real adequado em absoluto respeito ao incrível universo único de cada ser humano.
Ah! Como tem faltado amor ao universo mental e emocional humano.
Descobri encantada e naturalmente emocionada que meus escritos, até mesmo os raivosos desde os meus 14 anos, foram e são os filhos amorosos que venho parindo, numa contínua gravidez dos meus frutos amorosos que fartos, se desenvolvem no útero de meu infinito universo de vida e liberdade.
“Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos”. S. Agostinho
Simples assim...
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