A chuva deu uma trégua e o show da passarinhada começou ainda pela madrugada, trazendo com a orquestra de seus sons, alegria e esperança de um dia ensolarado.
Minha varanda transformou-se em hospedaria para os bem-te-vis que por aqui, chegaram mais cedo, ocupando as acomodações dos incansáveis sabiás viajantes.
Enquanto isso, sigo minha rotina e cá estou registrando o meu amanhecer, buscando as palavras mais adequadas para fielmente, descrever a minha visão crítica em relação a live em que mais uma vez, fui convidada por Tereza Valadares a participar, afim de entrevistarmos um convidado que explanaria sobre meio ambiente.
Inegavelmente, a pessoa em questão não só conhece as demandas ambientais da Ilha de Itaparica e entornos do recôncavo, como é profundo conhecedor das técnicas necessárias para um uso do solo mais eficiente e eficaz e enquanto, ele apresentava as questões, seguidas das soluções, o senso da lógica que acompanha a minha mente, insistia em perguntar:
Se tudo isso já foi pensado e até mesmo, em tempos idos, já foi implantado, por que, chegamos a este ponto de até mesmo retrocesso, poluindo e matando, cada vez mais rapidamente as riquezas naturais, como matas e mangues, consequentemente, lençóis freáticos, rios, mar, florestas, assim como comprometendo a saúde da população, já que é público e notório as doenças que atingem as crianças e aos adultos, justo em um local, onde postos de saúde e hospital se apresentam precários aos atendimentos.
Enfim, para uma humanista, tudo não é só desanimador, como revoltante, afinal, para que tantos recursos financeiros, doutores, técnicos, secretários e penduricalhos funcionais, se nenhum projeto é implantado, ficando as datas oficias, tão somente, como agendas a serem cumpridas com seminários e congressos, repletos de discursos e rapa pés das autoridades e nada mais, que faça valer o empenho e desperdício do erário público, que em nada se reverte na preservação ambiental e consequente cidadão.
De quem é a culpa deste “me engana que eu gosto”?
Dos políticos que se repetem no contínuo abandono territorial e de vidas ou do cidadão, que tudo assiste e vive, impassível a sua própria destruição?
Creio que chegamos há muito tempo num impasse difícil de ser solucionado, já que os agentes motores envolvidos é o misto da corrupção institucionalizada com a ignorância do cidadão, que mesmo tendo escolaridade é incapaz de interpretar a sua própria postura em relação ao não exercício de seus deveres e direitos constitucionais, crendo que nada pode fazer, pois, “tudo sempre foi assim”.
O que se pode de real contatar-se pelos quatro cantos de nosso paraíso é que de gestão em gestão, seja municipal ou estadual, a nossa Ilha, lá vai morrendo sem que seus gritos de dor, sejam ouvidos.
O exemplo de nossa dolorosa alienação, enquanto cidadãos, é aceitarmos um sistema marítimo indecente, um sistema precário de segurança, câmaras de vereadores absurdamente descompromissadas com os bens públicos, gestões completamente surreais, quanto a operacionalidade administrativa e financeira, um sistema educacional retrógado e ineficaz, na formação das crianças e adolescentes, uma mobilidade urbana sem precedentes, quanto, a qualidade e praticidade, assim como um descarte, recolhimento e armazenamento criminoso do lixo.
Perdoem-me a franqueza, mas colhemos exatamente o que plantamos, já que em momento algum, colocamos a preservação de nosso solo e vidas, como mais importante que um show qualquer de pagode, que nos faça pensar que somos felizes e de bem com a vida.
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