O galo canta a distância e fora ele, tudo que ouço é um burburinho vindo do jardim que acredito, seja dos infinitos micro-organismos e outros, que vivos, fazem suas festas sossegados sem a interferência humana, já que a maioria não é capaz de percebê-los.
Mas eu percebo e evito que saibam, afinal, não quero perder essa música de fundo que acompanha o galo, os sapos e me estimula a escrever.
Nesta madrugada em particular, penso nos interesses não confessados, mas que fazem parte da rotina emocional de todos nós, afinal, sem interesses interpessoais, não haveriam trocas sensitivas e sem elas, não haveriam emoções e consequentes sentimentos, alguns danosos como raiva, ira e ódio, mas também os deliciosos como a ternura, o carinho e o amor.
Pense nisso, quando se sentir usado e acima de tudo, pense no quanto, você também usou, e aí, provavelmente, seu ego se renderá ao óbvio de que, enquanto, durou esta ou aquela situação, ambos usufruíram.
Este exemplo serve para qualquer situação em que, pelo menos, duas pessoas exercitem um certo querer, não cabendo por uma questão de racionalidade, esperar algo além da motivação que os uniu. Todavia, se isso acontecer e as relações se estenderem, maravilha, mas com a conscientização de que pode não ser eterna.
Esse é o principio básico do desapego, portanto, sugar o aqui e agora até o sabugo do que lhe traz prazer, com certeza, não lhe trará qualquer sentimento que não esteja ligado a gratidão por ter tido a oportunidade de vivenciar o que desejou, afastando assim, a terrível frustração que abre portas para o tudo de ruim que a mente fragilizada é capaz de produzir.
É preciso reaprender a extrair tudo que o momento presente lhe oferece, porque os seguintes, serão sempre incertos e aquém de seu saudável querer.
Somos apenas, senhores determinantes de nossa vontade, o tudo mais é consequência de inúmeros fatores que podem ou não favorecerem as nossas expectativas.
Portanto, o ideal é atrelar às inevitáveis expectativas ao bom senso, quanto, à possibilidade de o que se está vivenciando, seja apenas, temporário.
A passionalidade, irmã da vaidade e da arrogância, que camuflamos querendo mostrar que somos altruístas e bonzinhos, precisa ser reeducada a um certo nível de lógica de sobrevivência, afim de se evitar rugas precoces, gastrites e a tão temida impotência.
Simples assim...
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