METADE DE MIM...

O campo aberto diante de minha mente não se identifica, podendo ser de qualquer lugar deste planeta, até mesmo, o abismo que deduzo existir, já que em dado momento o azul celestial, ocupa o continuísmo deste solo, até então, atapetado de infinitos tons de verde.

Será a senhora finitude que conselheira bendita, lembra-me incansavelmente que nada, absolutamente nada, pode ocupar a serenidade que muito elaborei em mim?

Mas o que faço com esta minha compulsão desafiadora em querer também por todo o tempo, enxergar um campo sem fim, rica pradaria sem obstáculos inesperados?

O que fazer com esta infantilidade, cuja razão consciente, garante não existir?

De repente, percebo estupefata a grandeza e o cansaço de ter nascido mulher e no quanto, este simples fato me exaure ao ponto de precisar fechar os olhos, afim de enxergar o verde bendito de minha pradaria pessoal, deixando de fora de mim, as mesmices que preciso tolerar, afim de não abraçar a total solidão, como balsamo tentador e sagrado para esta minha mente incapaz de compreender o imponderável.

Todos os movimentos estrelares terrenos, poderiam ser simples e translúcidos, por que, então, são continuamente confusos e perversamente complexos?

Por que perder-se a autenticidade, afim de igualar-se neste ou naquele aspecto humano?

Por que me falta a mais sagrada paciência, quando o inequívoco se apresenta, revestido de auto piedade?

Sou tola, por ser mulher?

Menos capaz, por ser mulher?

Mais capacitada aos aceites, por ser mulher?

Ao longe, sempre em algum momento, o temido abismo surge, partindo a ilusão ótica de continuidade, abrindo espaço para o celeste azul, sutil ilusório engano de apenas, uma troca de cores dos universos dos instantes.

Por que como mulher me é vedado o direito de ser poeta e ao mesmo tempo, racional?

Metade de mim, projeta, mas PORRA, a outra metade avalia e estrutura...

Terá sido esta capacidade inequívoca que justificou a Deus, criar-nos?

Será justo pela nossa dualidade, que nos foi reservado o poder maior de gerarmos vidas?

Dirão:

Todas as fêmeas geram...

Sim é verdade, mas só a mulher, pensa e é capaz de amar.

BOM DIA!