Recebi uma foto de uma jovem elegante de fino trato que estava com as feições destruídas pelo visível desgaste emocional e físico, levando-me a crer que seus olhos sem brilho e levemente avermelhados, indicam falta de um sono saudável e provavelmente, a ingestão de tarjas pretas para que, acordada permaneça e aí, imediatamente, lembro de minha filha, afinal, as duas regulam a mesma idade e sem poder evitar, deixo rolar algumas gotas de lágrimas, já que posso avaliar por muito estudar a respeito, o quanto, cada ser humano precisaria medir com mais cautela suas escolhas.
A linha divisória entre o inferno e céu existencial é fina e tênue e quando, um jovem experimenta os falsos valores e por ele se vê atraído, fica difícil ater-se aos deslizes a que se expõe e dos quais, sequer mensura a possibilidade em retroceder, forçosamente estimulado pela arrogância e pela vaidade em se admitir sofrendo e pior, se destruindo.
Não falo das drogas ou do alcoolismo, mas da ganância, doença muito mais corrosiva e dolorosa, afinal, a mente continua mesmo distorcida, ainda capaz de mensurar a própria destruição, lenta e gradativa.
Os transtornos emocionais se manifestam de inúmeras formas, mas em todas, o sofrimento se apresenta e é justificado pelos fatores desencadeantes e em algumas ocasiões, sem o devido tratamento, levando aos extremos máximos o desequilíbrio.
E aí, se apenas como uma estranha a distância, através de uma única foto e de relatos de pessoas próximas, posso enxergar a destruição evidente, impossível de ser disfarçada, seja lá com o que for, penso intrigada que mãe e pai são estes, que não intercedem a favor de sua filha, mesmo arriscando aos possíveis fracassos nas abordagens?
Todavia, não só ignoram como se beneficiam, tocando seus projetos em conjunto, como se de ferro todos fossem, sem alma e sem perceberem o desamor que a cada instante, destrói sua filha, a eles e a família como um todo.
Como permanecem ao lado de sua filha, tocando o mesmo barco, desconsiderando sua destruição?
São cegos ou também já doentes, numa esférica distorção psicoemocional?
Já nem sei quantos textos escrevi ao longo de minha vida, chamando a atenção para as aparentes inocentes conceções, que se vai fazendo aqui e acolá e que rapidamente saem do controle, relativando a ética e a moral, desestruturando os mais elementares valores, consumindo o melhor de cada criatura, transformando-a numa máquina destruidora primeiro de si, mesmo que coberta do ouro falso dos tolos.
Podia ser minha filha...Apiedo-me, mas nada posso fazer.
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