O dia sequer clareou, mas os pássaros já chegaram e ao longe, posso ouvir fogos estalando no céu, mas não posso vê-los.
O que se comemora?
Estará perdida em minha memória, um dia de algum santo que sequer, eu me recordo?
O galo não cantou e pelo que sei, já não mais cantará, afinal, o dia está por amanhecer.
Assustou-se com os fogos ou definhou em combate numa rinha qualquer?
Olho pela janela e entre as grades desta real e indiscutível prisão, posso ver o dia mansamente clareando na liberdade de meu jardim;
Só posso com os meus ouvidos absolutos, ouvir lá, bem mais distante, um retardatário galo cantar.
Novos fogos, pipocam ao longe...
Vinte e sete de agosto, terei esquecido alguma comemoração?
Assusto-me com a minha sempre alienação em relação as datas e as comemorações ao ponto de temer esquecer, o dia em que nasci.
Quando foi mesmo?
Agora, acho que acabo de nascer, exatamente agora, agarradinha ao domingo que entre fogos, rasga o expeço da madrugada, coroando a vagina celestial, trazendo também consigo, a esperança contida num novo amanhecer..
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