segunda-feira, 14 de agosto de 2023

SUAVES BEIJOS...

Fazia tempo que eu não me sentava diante do mar para apreciá-lo.

Que maravilha!!!

De repente, aqui neste instante, deixo minha mente voar até a minha infância e posso me ver, sentadinha na cadeira de balanço de minha avó Regina, que ficava sempre diante do imenso janelão em seu quarto e de onde, também ela, gostava de apreciar o mar que se descortinava como um quadro vivo.

Tudo, no aqui e agora, poderia se confundir, se o cenário do mar de Ipanema do meu longínquo ontem, agitado com altas ondas, fosse igual ao tranquilo e sereno mar que hoje, esta senhora sem balanços e janelas, mas ainda uma criança emocionalmente apaixonada, acompanha o ir e vir das mansas marolas, batendo teimosamente na muralha de concreto da orla de minha Itaparica.

Revi, apreciando a imensidão destas águas serenas, as muitas ondas que precisei furar (como dizia minha mãe, nadadora experiente), para alcançar o oceano dos sempre criativos anseios, sonhos e desejos de uma garota, moça e mulher, assim como de pulmões resistentes para os mergulhos profundos, afim de abrigar-me das infinitas superficiais correntezas que poderiam ser fatais.

Sorri, enquanto apreciava a aparente tranquilidade daquele sereno mar do outono de minha vida, constatando que afinal, sobrevivi, sem medalhas ou troféus de exímia nadadora, mas como uma sempre acolhedora e silenciosa praia, esperando com olhos e alma desejosas, o beijo suave do meu mar sereno, deitando-se incansável em minhas areias.



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