sábado, 12 de agosto de 2023

SEM MÁSCARAS...

Acordei com a impressão de ter passado a noite escrevendo poesias, tanto que lembrava de alguns versos soltos, no entanto, neste instante, diante do notebook, já não fazem mais sentido juntá-las, afinal, não seriam mais originais...

E aí, pensando nisso, onde estão os versos soltos que se apresentavam límpidos e translúcidos que nos permitiam sentir e externar o nosso âmago, fosse do que fosse?

Nem mesmo o sabor da espiga de milho, já não é a mesma ...

São tantos os aditivos, que perdeu o seu original sabor e a genuidade de seus nutrientes.


E assim, tem sido com o tudo mais nesta vida, reforçando o meu entendimento de que a essência não está perdida, mas tão somente, guardada para ser usada em momentos especiais, exigência cruel do existencial que, costumeiramente, o mantem sufocado, empanando momentos que simplesmente, poderiam ser espetaculares.

Para os resistentes às amarras deste existencialismo déspota, a essência se mostra despida dos aditivos, mostrando-se tal como é, nas realidades dos bastidores dos variados palcos em que se apresenta.

Fácil? 

 Jamais o nado contrário as correntezas será fácil, mas com certeza, chegar na bendita praia e deitar-se nas areias, exausto do nada livre, sempre será o mais completo gozo.

Afinal, de que adiantam as máscaras se de uma forma ou de outra, ora choca e se é vaiado, ora encanta e se é aplaudido, mas sempre saindo de cena com a frustração de não ter sido o que, verdadeiramente, deveria ter sido...

Que pena!

De repente, nada mais faz sentido, além de ser o que se é, sob vaias ou aplausos, sentindo a necessidade de manter-se o mais próximo possível das origens, libertando sentimentos e emoções sufocadas que esperneiam, fazendo doer mente e alma, como se ambas presas num quarto escuro, raspassem com dedos e unhas por todo o tempo, o reboco do apenas superficial...

Deus!!! Como é difícil se manter original...

Deus!!! Como é gostoso deixar-se banhar no mar das próprias águas límpidas, sorvendo as carícias das marolas, oferecidas pelas brisas emocionais da paz.

Paz que estimula ao gozo supremo em se sentir plena no centro de qualquer palco, mesmo que o teatro esteja vazio, mesmo que não exista plateia para aplaudir ou vaiar.

Deus!!! Como é gratificante no término de cada cotidiana apresentação, antes mesmo da cortina se fechar, poder olhar para a plateia enxergando-se nela e sem máscaras exclamar: 

EU TE AMO...

Penso então, no meu Jesus que se enxergou e se sentiu, através dos demais, num exercício cotidiano e evolutivo, razão maior de se estar vivendo.

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