domingo, 28 de abril de 2013

Pois é...


O domingo está amanhecendo, e posso de onde estou sentir o friozinho safado que vem lá de fora, teimoso e insistente, querendo fazer com que eu pense que já é inverno, numa tentativa quase infantil de confundir-me.
Qual nada, bem sei que estamos no outono e que este frio é só um lembrete de que ele chegará como sempre chuvoso, mas na maior parte do tempo, morno pra quase quente, pois afinal, aqui é a Bahia, onde o sol é bem mais presente.
Enquanto o meu corpo e meus sentidos se entrosam com a temperatura externa, minha mente voa como sempre faz nos amanheceres de minha vida.
Tanto quanto posso me recordar, foi assim sem tirar nem por, porque, afinal, acordar bem cedinho, antes de o sol raiar, só para me antecipar às maravilhas do amanhecer, foi sem dúvidas minha prioridade, minha rotina, meu prazer.
Descobri, ainda muito jovem, o quanto neste horário minha mente especulativa era capaz de produzir, através das viagens criativas de meu emocional que, absolutamente curioso e passional, sempre esteve disposto a percorrer os caminhos dos comportamentos humanos, em buscas e encontros, surpreendentemente reveladores.
Ao longo do tempo, também fui compreendendo que por uma questão de lógica, pois a vida em toda a sua complexidade é pura lógica, que a produção aparentemente virtual de minha mente, era tão somente uma pequena, mas significante vibração em parceria com outras e outras vibrações humanas ou não, em um ciclo de interação universal sem fim, fazendo de mim um ser participativo e, absolutamente atuante neste contexto de vida e liberdade, onde o gerente é a rotatividade cósmica e eu apenas um fragmento existencial.
Enquanto escrevo, tudo lá fora se transforma. Percebo que já não chove como dantes e os pássaros ariscos cantam mais próximos das árvores e de mim, numa orquestração deslumbrante que chama a minha atenção, fazendo de mim, com certeza, a criatura mais feliz deste universo, pois me sinto viva, bonita e amada, me sinto gente, fragmento abençoado.
Que neste domingo, meio chuvoso e meio frio, sua mente possa voar, buscando sua própria essência, num encontro alegre entre você e a certeza da importância da sua existência neste contexto às vezes complicado e aparentemente frustrante de existir.

sábado, 27 de abril de 2013

Ceder para aprender...



O senso crítico, tão necessário na condução da vida das pessoas, só pode nascer e prosperar em meio à diversidade de todas as naturezas, gerando parâmetros diferenciados que estimulam ideias e ideais.
Da mesma forma, somente através do exercício constante da observância e estímulo às diferenças é que um povo é capaz de manter segura a liberdade e igualdade de direitos e deveres de cada indivíduo, envolvido em seu seio social.
Pense nisto, principalmente quando estiver envolvido em qualquer tipo de partidarismo, afinal, um verdadeiro líder é aquele que respeita a força e os esforços do adversário, e mais, um verdadeiro líder, respeita desde sempre, a força poderosa da derrota, pois é ela que silenciosa, aguça a tenacidade em querer-se vencer, assim como, um verdadeiro líder, abre espaço para o perdedor, pois é capaz de enxergar, compreender e principalmente respeitar o gigantismo de quem, de pé, e próximo de si, usou todos os seus recursos de luta e garra na disputa.
Um verdadeiro líder é, antes de tudo, um ser generoso e sábio que compreende que a vida é feita de idas e vindas  e que somente ele, com sua capacidade aglutinativa é capaz de traçar rumos nos quais seus atos e palavras jamais serão esquecidos.
Portanto, líder é todo aquele que esteja onde estiver, inclusive morto, é capaz de permanecer vivo nas mentes, nas posturas e nos ideais de seus seguidores, estimulando-os a terem por todo o tempo, um olhar amorosamente crítico sobre tudo, e sobre todos, na defesa do ideal maior da defesa da bendita igualdade coletiva de direitos e deveres que assegura com firmeza os ideais individuais.
Por esta razão sou radicalmente contra a qualquer movimento político que vise depor este ou aquele líder que se encontra no poder, a não ser que haja a consciência plena, consistente e indiscutível de ações por este praticado, que violem sem qualquer discussão maior, os direitos da coletividade.
O que acabo de escrever é apenas o meu exercício constante de cidadania, baseado tão somente no espírito crítico que vem sendo estruturado ao longo de minha caminhada pessoal, onde fui desenvolvendo a minha capacidade de ouvir e ver os demais, tendo assim a oportunidade de tirar minhas próprias conclusões, sem me sentir conduzida ou amordaçada, crendo que verdadeiramente livre é todo aquele que se permite ceder para aprender.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Sem prévio aviso



Finalmente o outono chegou, trazendo com ele as chuvas benditas que nos faltou no verão e, então, é possível ver ressurgirem mais entusiasmadas as cores no jardim e, até mesmo, alguns frutos se despertam como as do conde que saboreio fascinada, diariamente.
Diferentemente de todo o restante em que as estações influenciam, os novos modos e costumes estão lá fora me esperando e, por mais resistente que eu esteja sendo, os novos hábitos forçam passagem, e mesmo pelas frestas das portas e das janelas, irrompem casa adentro, nem percebendo o jardim, nem sequer pedindo licença.
Novos tempos, novas ideias que, impiedosas, adentram em todo o meu ser, buscando arduamente quebrar os meus conceitos sem me permitir pensar, no sempre arrogante imediatismo jovem, que não mede consequências, apenas chegando e se instalando como águas de uma cachoeira a despencar montanha a baixo, revelando-se nos obstáculos que encontra pelo caminho.
Com o olhar de quem muito já foi capaz de ver, mas que também ávida quer muito mais enxergar, fixo a rosa teimosa, mas absolutamente cheirosa que resiste à brava chuva, ao vento frio e a solidão, apenas e, tão somente, no seu direito de existir, lembrando-me silenciosa que viver é uma constante batalha, entre o agora e o porvir.
Bendito outono que chega, trazendo com ele a esperança dos cantos tímidos dos pássaros que também teimosos e resistentes, tal qual as rosas e alguns frutos, insistem na resistência, recebendo o novo como bem-vindo, ajustando-os aos velhos hábitos.
Que nesta semana que se inicia, nossos velhos hábitos sejam revistos com a sabedoria dos resistentes que privilegiam a vida, os conhecimentos e a interação.


sábado, 13 de abril de 2013

PESADA ÂNCORA...


.
Meus sentidos sempre precisaram de novas experiências para que minha mente e o meu todo de criatura naturalmente curiosa estivessem satisfeitos, portanto, jamais me prendi como se em mim houvesse uma pesada âncora.
Gosto de apreciar e de registrar novos horizontes, degustar novos sabores, sentir surpreendentes aromas, e também, deliciar-me com o contato de novas texturas e isto só é possível quando se é verdadeiramente livre para conhecer, desfrutar, sabendo que posso retornar às benditas escolhas que elegi como fundamentais, sem as quais, verdadeiramente, não saberia e com certeza não viveria tão bem, como vivo.
A autêntica liberdade, creio eu, não é sair por sair, desfrutar sem propósitos e sentir aleatoriamente em forma de compulsão contínua, tudo quanto a vida pode me oferecer como se houvesse uma permanente fome existencial a ser dominada, não, ao contrário, sentir-me livre é, antes de tudo, ser comedida nos meus anseios, parcimoniosa nas observâncias de meus próprios desejos e, acima de tudo, ser capaz de distinguir as estações, jamais arriscando meu barco existencial em mares desconhecidos sem o devido planejamento, afinal, nem sempre o apaixonante me é o ideal.
Estou há quatro dias fora de minha Itaparica, de meu trabalho, enfim, de minha seara e já sinto uma saudade imensa que me cutuca, induzindo-me carinhosamente ao retorno e, é claro, não resisto, afinal, já provei do desconhecido, sorvi as delícias das novidades e  pude registrar tudo quanto a minha sensibilidade foi capaz, agora, tá na hora de voltar levando comigo a certeza absoluta que vivi instantes inesquecíveis, em lugares que talvez não digam nada à outros, mas que para mim foram surpreendentes.
Gosto de fechar os meus olhos e recordar sem saudades. Adoro pensar que sou capaz de resgatar através de minhas lembranças, os anoiteceres e amanheceres, os perfumes diferenciados das praias, dos jardins, das pessoas, enfim de cada instante em que me permiti sentir sem a insegurança da posse.
Gosto de pensar que relembrando ou vivenciando, posso a qualquer instante, voltar. E eu, estou voltando, mais rica e mais encantada desta viajem de aparentes óbvios que me foram surpreendentes novidades.

UMA NOVA SENSAÇÃO


Nesta madrugada, acordo e me vejo fora de minha casa, abro a porta e não ouço os meus habituais pássaros, as árvores são outras e suas folhas e galhos, não se tocam naquele farfalhar contínuo e os aromas são muito diferentes, se bem que tudo que vejo, apesar de não me ser familiar, ainda assim é agradável e bonito.
De onde estou, posso enxergar uma ponta de uma quase minúscula praia de águas calmas, cercada de inúmeros coqueiros que parecem querer chegar  ao céu com suas esguias elegâncias e ainda posso ver a noite se despedindo, arrastando consigo o manto de prata com o qual cobriu o mar.
Também de onde estou, posso sentir uma agradável brisa, levemente fresca vinda do mar, que por um breve instante, fez-me arrepiar e, por outro breve instante, fez-me pensar que retornara ao meu cantinho, donde a cada madrugada, deixo escoar minhas ideias e meus ideais.
Olho ao redor e tudo que me parecia estranho vai, pouco a pouco, se tornando mais íntimo como o iniciar de um amor ou, quem saberá, de uma tórrida paixão, que vai me tornando afoita e destemida em relação ao desconhecido, levando-me então a arriscar sentir um novo aroma, gostar de uma nova brisa, acolhendo em meus sentidos, uma nova e apaixonante sensação.
Penso então, que viver em plenitude deva ser um  pouco assim, abrindo-se  os sentimentos e deixando-se abraçar pela vida que, amorosa e amiga, só adentra  na casa na qual é convidada, e só permanece se for bem acolhida.
Sinto saudades dos pássaros, dos cães e dos meus aromas, mas neste instante bendito, usufruo das novidades, sem culpas ou arrependimentos, pois esta nova e surpreendente sensação me faz feliz e isto é tudo o que mais importa.
Que neste sabado, você também possa enxergar e sentir novas sensações, bastando olhar ao redor, sem medo de ser feliz.

terça-feira, 9 de abril de 2013

A ETERNIDADE DE MEU SER


 Sinto-me como uma máquina perfeita, elaborada segundo uma ciência exata, cujos componentes químicos em um processo criativo de formação e desenvolvimento, permitem-me sistematicamente, permanecer viva, mas morrendo lenta e gradativamente, num óbvio assustador quando despertada a devida consciência, mas absolutamente aceitável quando a esta consciência adiciona-se o conhecimento do ciclo ininterrupto do processo evolutivo da vida.
Além do aspecto físico que posso tocar e sentir, sou bem mais, pois sou uma poderosa energia que, afinal, incessantemente mantem em funcionamento, toda esta máquina, inclusive, permitindo-me alterar sua original composição, através da forma pessoal de absorção e compreensão, dos elementos externos com os quais fui ao longo do tempo convivendo.
Percebo que todas as alterações, deixaram marcas significativas na carcaça que me abriga, mas não foram capazes de alterar as vibrações das energias que me conduzem, ao contrário, descortinam-me a cada instante, a mais gloriosa certeza de que meu corpo finda, enquanto, eu mesma me eternizo, na transcendência energética de minha própria consciência.
Agora mesmo me vejo interagindo com energias sobreviventes a corpos findos de inúmeras naturezas, cujas outras inteligências universais absorveram, formando assim de forma contínua e progressiva um elo de força e de continuidade de vida.
Esta afirmação, não parece óbvia e a psicologia poderá classificar como qualquer uma de suas conhecidas anomalias, mas para mim que já transcendo a finitude de meu corpo, adentrando no espaço maior do cosmo que me abriga, sentindo-me, apenas, um ponto de luz de um ínfimo átomo de suprema importância no contexto universal, onde vida gera e propicia a vida num constante, ininterrupto e inevitável ciclo de vida, independentemente da forma e do estilo da carcaça que a abriga.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

TAL COMO ELE


Eu sou filha de meu pai, com certeza não posso negar, pois, a cada instante, me vejo como reflexo sem tirar  nem por qualquer nuance de uma sempre irreverência de uma sempre alegria.
Tal qual meu pai, amanheço brincando, fazendo graça do mais elementar fato que é estar acordando e, assim como ele, não dispenso jamais, o pão com manteiga e o café com leite.
Neste instante, penso nele, me abraço e o sinto.
Tento descrevê-lo e me intimido, pois falar sobre ele é quase o mesmo que falar de mim.
E quem gosta ou acha fácil, falar de si mesmo?
Arrisco talvez, o perfeccionismo ou o prazer de ficar quietinho, detestando barulhos desnecessários, apreciando o sossego da própria casa.
Quem pode negar nossas semelhanças no aprecio de um belo cavalo de um dia radioso, ou um exemplar de beleza, seja homem ou mulher.
E falando em semelhanças, como posso negar também, o egoísmo de gostar de ficar sozinha, mas tendo ao meu redor, num ciúme disfarçado, mas absolutamente passional, os amores de minha vida.
Os defeitos são os mesmos e as qualidades também e, como filha de meu pai, posso reconhecer em meus filhos um pouco de nós dois.
Amo-te meu pai, saudades Sr. Hilton


sábado, 6 de abril de 2013

PARA O MEU AMOR

Hoje é o seu aniversário e aqui sozinha nesta madrugada de sábado, enquanto você ainda dorme, penso no quanto a vida foi generosa comigo, emprestando-me você, para que eu pudesse percorrer minha existência, cercada de um pai, um amigo, um amante, enfim de um ser parceiro em todos os sentidos, que soube transformar uma menina em uma mulher livre e muito segura, de suas próprias opções.
E então, penso que casamento é isto, parceria, onde cada qual oferece ao outro o melhor e o pior de si, com a bendita certeza de que o outro saberá separar o joio do trigo, regando a cada instante com as aguas da admiração, o tudo de bom que somos capazes de oferecer em um ciclo permanente de aprendizado mútuo.
Neste dia que ainda não amanheceu e que é o seu aniversário, só posso agradecer a Deus, pela sua bendita existência que fez de mim, uma criatura inspirada que amanhece a cada dia, celebrando a vida, pois nela, existe você.
E além de tudo isso, ainda viver com você neste paraíso que é Itaparica, o que mais posso desejar?
Um beijo enorme, do tamanho do céu, desta sempre sua parceira de vida e liberdade.

SIMPLESMENTE VIVER...

Neste amanhecer o tudo de bom está acontecendo e ao ler esta minha afirmativa, provavelmente alguns dirão que sou uma idiota da terceira ida...