A sexta-feira está chegando em sua metade e a impressão que tenho é que neste ano, o relógio está marcando com uma certa pressa ou será que apenas, eu é que estou mais atenta, afinal, a cada ano que se finda, também é um ano que deixo para traz, no calendário da minha existência.
Imaginativa como o quê, transporto-me para determinadas épocas, onde viver era por todo o tempo, apenas aproveitar o máximo possível, sugando das horas e meses, o tudo de bom que meus sentidos, alinhados à minha mente profícua enxergavam e modelavam.
Tempo? Quem pensa nele, quando se é jovem?
Talvez, mais precoce que a maioria, aos 42 anos, ao perder tudo que eu havia conquistado, numa só manhã de um certo dia para as loucuras de um governo federal irresponsavelmente corrupto, precisei pensar no tempo e no esforço, até então, empreendido e a questionar-me se o teria novamente, dali em diante.
A mata verde da capoeira existente no sítio de Caeté, ofereceu-me resposta rápida e contundente, garantindo-me a incerteza do tempo futuro, mas descortinando-me o cansaço, a solidão, a falta do precioso tempo para exercitar um simples e glorioso ato de amor, sem ter a mente contaminada, fazendo do ato amoroso, tão somente uma descarga de energias reprimidas, mas sem qualquer real prazer, capaz de nutrir nos sucessivos orgasmos, o corpo, a mente e a alma com a gloriosa sensação de completude.
Como uma projeção cinematográfica, revi os passeios, as viagens, os amigos que verdadeiramente não cultivei, o bendito descanso em família que não usufruí, os muitos beijos nos filhos que precisei adiar e, quando o rolo finalmente, estancou, eu já estava convencida de que fosse qual, fosse o tempo que me faltasse, este teria que ser de absoluta liberdade para fazer dele o que bem eu quisesse, na dimensão das minhas expectativas...
Trinta anos se passaram sem que jamais eu esquecesse a importância dos instantes e tudo quanto, coubesse neles, permitindo-me se necessário, rasgar a mente e a alma, mas jamais desistindo de apenas viver amando em deliciosa plenitude, sentindo-me inteira, fosse lá onde fosse sempre abastecida da mais límpida autenticidade.
E aí, nestes instantes em que escrevo, opto como exercício amoroso, deixar o tempo de lado em favor da curtição do aqui e agora, que incrivelmente se mostra diferente do de agora à pouco , que já se foi, levando consigo, as emoções que me causavam tristeza e dor.
Simples assim...
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