segunda-feira, 28 de agosto de 2017

BOM DIA

                               
Não leves ao pé da letra tudo quanto, possas ouvir. Nem fiques surdo aos lamentos, que ecoam próximo a ti.
Que o universo da vida nos inspire nesta semana que está apenas começando.


domingo, 27 de agosto de 2017

EU, COMIGO MESMA.


Esta foi uma semana de muitas emoções negativas, afinal, vidas se perderam e outras tantas foram feridas física e emocionalmente; e pessoas como eu, que passam suas vidas valorizando a vida, certamente são abaladas profundamente, já que não precisamos ser parentes ou amigos para mensurar a dor de ver vidas sendo interrompidas de forma tão brutal.
Se a tragédia ocorre, digamos, no quintal de nossas casas, tudo toma uma proporção maior e bem mais real, e aí, passado o impacto inicial, a tendência é a reflexão sobre nós mesmos e da importância que representamos no contexto em que subsistimos.
De repente, olhando para a TV, reagi em voz alta a uma publicidade sobre o respeito que as mulheres exigem em suas vidas e, então, disse:
- Nunca me senti respeitada.
Imediatamente, meu marido reagiu surpreso.
- Como você pode falar uma coisa destas, logo você que recebeu sempre tanto acolhimento das pessoas?
Imediatamente, lagrimas embaçaram meus olhos e com a voz já embargada, olhei para ele e respondi.
- Respeito é um conceito muito mais amplo do tão somente receber o que se oferece, sim, porque procurei sempre ser uma pessoa respeitosa, mas e o restante, o camuflado, o subtendido, o indisfarçável?
Por que somente em raras ocasiões consegui destacar-me como profissional, precisando ser mais que eficiente, quase beirando a exaustão do desempenho, sempre num comparativo em relação aos meus companheiros homens de trabalho?
Por que em raras ocasiões meu salário esteve igual aos demais, somente por eu ser mulher?
Veja a situação absurda que nós mulheres somos colocadas em qualquer profissão que nos encontremos, a não ser que estejamos dispostas a renunciar ao tudo mais que consideramos importante para o complemento do nosso estado pessoal em sermos mais completas e felizes, tornando-nos quase uma máquina com sentimentos quebrados.
Na altura de minha vida, estou cansada de ouvir o Presidente da Câmara referir-se a mim como esposa do Sr. Roberto da Rádio Tupinambá, dando-se ao direito de esquecer e até trocar o meu nome.
Cansada de jamais ter sido convidada em épocas de decisões para opinar sobre o desenvolvimento de um trabalho que está ligado diretamente ao meu desempenho profissional.
Cansada de jamais receber um incentivo além do “favor” de ter recebido um espaço de trabalho. Cansada de ser desvalorizada, não recebendo meus proventos, na decência mínima de minha dedicação e competência.
Cansada de não encontrar surpreendentemente em minhas companheiras de luta a grandeza de pequenos reconhecimentos pela mais de uma dezena de livros escritos e milhares de textos, que me esforço em repassar quase todos os dias através das redes sociais, com o intuito de valorizar a vida como um todo a fim de estimular o equilíbrio, a razão e o amor.
Agradecida por encontrar apoio das companheiras que moram distantes ou das lindas mulheres sensíveis que mesmo não compreendendo exatamente meus textos, percebem o valor neles agregado, oriundos de minhas intenções amorosas, pois à minha volta minhas parceiras estudadas e descoladas em sua maioria, mesmo compartilhando de lutas de espaço e sobrevivência social, optam em disputar ao invés de compartilhar o quê, eu sequer posso mensurar, pois jamais me inseri neste contexto.
Cansada de ser apenas isto ou aquilo, mas quase nunca avaliada pelo conjunto da obra de pessoa humana que não pretendeu em momento algum ser igual a qualquer dos maravilhosos homens com os quais conviveu, apenas, uma pessoa que, independentemente do fato concreto de ser mulher, é tão competente quanto na sua linha de trabalho e gostaria de ser devidamente valorizada.
Bem, agora escrevendo, já com os olhos secos porque estou desabafando, preferindo lembrar de dois homens incríveis, cujas visões estavam além de seus tempos, os inesquecíveis Deputado Ricardo Fiuza e o Dr. Roberto Elis, um pernambucano e outro mineiro,  que mais que abrirem-me portas, ofereceram-me a maravilhosa manifestação de respeito, valorizando meu trabalho, pagando-me o valor justo ao meu desempenho e resguardando-me da concorrência e do abuso, tão comuns em épocas em que sequer, nós mulheres, tínhamos a consciência clara do nosso valor de pessoa e não de gênero.
Sou mais que esposa, mãe, escrevinhadora e jornalista, sou um alguém que existe e está muito cansada das mensagens midiáticas sem muito valor agregativo na prática do dia a dia.
Alô, alô preconceito, aquele abraço!!!!

Alô torcida do machismo, aquele abraço!!!

DESNECESSARIEDADE Tão logo soubemos do ocorrido com a lancha de Mar Grande, interrompemos o Show da Manhã que transmitimos através, da Rádio Tupinambá FM de Itaparica e, nos dirigimos ao local da tragédia. Por hábito do ofício, levamos conosco a máquina fotográfica, todavia, como sempre ocorre em situações dolorosas e constrangedoras, não fizemos uso dela, justo em respeito, afinal são tantos os cliques e filmagens que mais um seria absolutamente desnecessário. Reconhecemos que os registros são necessários, no entanto, o que se vê são incríveis invasões à dor alheia, com questionamentos insensatos, como por exemplo, perguntar a alguém que acaba de perder entes queridos: - Como está se sentindo? Ou pedir detalhes, numa afronta que infelizmente não tem sido reconhecida pela maioria de nós, que até apreciamos e aumentamos o ibope desta mídia assustadoramente invasiva e desrespeitosa. Particularmente, prefiro a observação silenciosa e a composição coerente e verdadeira dos fatos, para, então, no exercício prático de minha tarefa de comunicadora apresentar um quadro mais amplo do ocorrido, buscando com isenção de qualquer natureza, apresentar todos os ângulos, não que justifiquem, mas que de alguma forma possa exemplificar o conjunto de fatores que propiciaram a tragédia, numa tentativa consciente de levar o ouvinte ou leitor a uma reflexão, ao invés de incentivá-lo ainda mais no hábito assíduo e alienador de ser um “ simples observador” da desgraça alheia.

DESNECESSARIEDADE
Tão logo soubemos do ocorrido com a lancha de Mar Grande, interrompemos o Show da Manhã que transmitimos através, da Rádio Tupinambá FM de Itaparica e, nos dirigimos ao local da tragédia.
Por hábito do ofício, levamos conosco a máquina fotográfica, todavia, como sempre ocorre em situações dolorosas e constrangedoras, não fizemos uso dela, justo em respeito, afinal são tantos os cliques e filmagens que mais um seria absolutamente desnecessário.
Reconhecemos que os registros são necessários, no entanto, o que se vê são incríveis invasões à dor alheia, com questionamentos insensatos, como por exemplo, perguntar a alguém que acaba de perder entes queridos:
- Como está se sentindo?
Ou pedir detalhes, numa afronta que infelizmente não tem sido reconhecida pela maioria de nós, que até apreciamos e aumentamos o ibope desta mídia assustadoramente invasiva e desrespeitosa.
Particularmente, prefiro a observação silenciosa e a composição coerente e verdadeira dos fatos, para, então, no exercício prático de minha tarefa de comunicadora apresentar um quadro mais amplo do ocorrido, buscando com isenção de qualquer natureza, apresentar todos os ângulos, não que justifiquem, mas que de alguma forma possa exemplificar o conjunto de fatores que propiciaram a tragédia, numa tentativa consciente de levar o ouvinte ou leitor  a uma reflexão, ao invés de incentivá-lo ainda mais no hábito assíduo e alienador de ser um “ simples observador” da desgraça alheia.
Tão logo soubemos do ocorrido com a lancha de Mar Grande, interrompemos o Show da Manhã que transmitimos através, da Rádio Tupinambá FM de Itaparica e, nos dirigimos ao local da tragédia.
Por hábito do ofício, levamos conosco a máquina fotográfica, todavia, como sempre ocorre em situações dolorosas e constrangedoras, não fizemos uso dela, justo em respeito, afinal são tantos os cliques e filmagens que mais um seria absolutamente desnecessário.
Reconhecemos que os registros são necessários, no entanto, o que se vê são incríveis invasões à dor alheia, com questionamentos insensatos, como por exemplo, perguntar a alguém que acaba de perder entes queridos:
- Como está se sentindo?
Ou pedir detalhes, numa afronta que infelizmente não tem sido reconhecida pela maioria de nós, que até apreciamos e aumentamos o ibope desta mídia assustadoramente invasiva e desrespeitosa.

Particularmente, prefiro a observação silenciosa e a composição coerente e verdadeira dos fatos, para, então, no exercício prático de minha tarefa de comunicadora apresentar um quadro mais amplo do ocorrido, buscando com isenção de qualquer natureza, apresentar todos os ângulos, não que justifiquem, mas que de alguma forma possa exemplificar o conjunto de fatores que propiciaram a tragédia, numa tentativa consciente de levar o ouvinte ou leitor  a uma reflexão, ao invés de incentivá-lo ainda mais no hábito assíduo e alienador de ser um “ simples observador” da desgraça alheia.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

ATÉ QUANDO?


Os cotidianos deveriam ser as balizas do senso de pertencimento de nossas próprias vidas, mas infelizmente não são, porque estamos sempre muito preocupados com um vai e vem pessoal de sobrevivência, deixando nossos destinos ao encargo do sistema, sem que sejamos capazes da compreensão primária de que este, nada mais representa que a imagem e semelhança de nossa alienação existencial.
Por todo o tempo levantamos bandeiras de todas as naturezas, cor, gênero, política, defesa ecológica e etc., deixando nossas vidas ao encargo da sorte ou de Deus.
Enquanto isso, vez por outra, grandes mazelas cotidianas nos abalam, porque são eficientes em nos mostrarem que poderíamos ter sido atingidos, assim, conseguimos em instantes, nos colocar no lugar do outro, podendo sentir os espasmos emocionais de nossa vulnerabilidade.
Até quando, deixaremos a segurança das nossas vidas à cargo do acaso?
Até quando choraremos as dores do mundo, secaremos as lágrimas e seguiremos em frente, à espera da próxima tragédia, que até, pode demorar décadas, mas inevitavelmente, um dia chega, como chegou neste amanhecer de 24 de agosto de 2017, numa rápida, simples e corriqueira viagem de travessia marítima, onde o descaso chegou ao seu ápice.
Até quando, faremos apologias com as banalidades cotidianas, sem, no entanto, acreditarmos que elas também podem nos atingir?
Até quando, permaneceremos cegos, surdos e mudos numa cumplicidade inexplicável a luz da razão, aos descasos sociais, políticos, mas principalmente humanos?
Até quando, buscaremos culpados, se somos todos responsáveis, já que por esta ou aquela razão, acreditamos que o melhor é deixar que algum outro, decida o que é melhor para a condução sadia e segura para nossas vidas?
Até quando nossos valores serão voláteis, egocêntricos ou alienados, para que possamos aprender que “as tragédias” cotidianas podem ser evitadas, controladas ou simplesmente, eliminadas, se a elas estivermos atentos, observando os sinais que são absurdamente visíveis?
Penso então, que enquanto, olharmos o nosso cotidiano sem o devido senso de responsabilidade pessoal, trazendo para nós, os bônus e os ônus conscientes de que precisamos zelar pelas nossas vidas, as tragédias se seguirão, roubando vidas, destroçando almas.
As razões das tragédias em sua maioria são muito óbvias, mas estamos sempre muito ocupados ou comprometidos de alguma forma para evita-las.
Até quando?

E aí, resta-nos chorar pelos que se perderam ou agradecer a Deus por nos ter dado, naquele instante, o livramento.


terça-feira, 22 de agosto de 2017

DIREITOS TOLHIDOS


Pois é, de repente me vejo entre a cruz e a espada, e isto vem ocorrendo de forma constante nas últimas décadas, tipo dos anos 80 para cá, mas confesso que tem se intensificado nos últimos 10 anos. 
E aí, me pergunto:
- Que direitos adquiridos são esses que impedem os demais de ter os seus próprios?
Por que de uma hora para outra sou obrigada a aceitar os direitos alheios, sem que os meus sejam devidamente respeitados?
Estarei isolada nesta sinuca existencial ou existirão outros que, como eu, precisariam de mais tempo para compreenderem os direitos que ainda nos sãos, no mínimo, esquisitos.
O politicamente correto, assim como a necessidade de mostrar que se está antenado e aceitando tudo que a mídia propaga como ideal, também está desenvolvendo através da indução a uma naturalidade postural, uma reação silenciosa de rejeição, revelando uma crescente insatisfação íntima que se expressa através da violência explicita e incompreensível ao primeiro olhar da instantaneidade social em que nos encontramos.
Para os mais jovens, até tudo bem, pois não vivenciaram outras situações, mas para os mais vividos, está sendo muito, no mínimo, incômodo, pois torna-se uma constante necessidade de policiamento mental para que não se expresse, e aí sim, de forma natural, a não aceitação ou a ainda não assimilação que naturalmente difere de uma pessoa para outra.
As inversões e as transformações evolutivas chegam que atropelando valores enraizados e se misturam formando bolos muitas vezes indigestos ou causadores de uma violência urbana e suburbana que também lá vai se inserindo ao emocional como corriqueiro e natural, quando não deveriam ser.
Quando escrevo, a gramática é o menor dos meus cuidados, pois afinal, ao serem impressos, certamente, um revisor corrigirá as falhas, portanto, dedico-me a não correr o risco de ferir este ou aquele segmento com a minha mente ainda retrógrada de não ter tido a capacidade de assimilar verdadeiramente alguns direitos adquiridos de outros, reconhecendo que perco a cada instante de forma também instantânea a minha liberdade de expressão.
Mas não é justo a liberdade de se expressar, seja física ou intelectualmente, a razão maior de sempre, nos caminhos sociais do convívio humano?
Confuso...
Polêmico e, em alguns casos, desastroso...
Penso então, que em um mundo onde a fome mata seres humanos de forma cruel, devastando todos os tipos de vida sem que haja união universal com movimentos fortes o suficiente para dizimar a chaga da arrogância, da vaidade e da ganância, ou que sejam capazes de conscientizarem a grandeza da vida, impor-se o cerceamento intelectual deva ser o menor dos problemas desta humanidade falida, moralmente pobre e embrutecida.



domingo, 20 de agosto de 2017

POR QUÊ?


Assim como meus pais, acredito que a melhor herança que os pais podem deixar para os seus filhos, seja a educação doméstica e formal.
Todavia, esta premissa é falsa se analisarmos as possibilidades reais que os pais possuem se moram em países como o Brasil, onde as políticas públicas mais expressivas e extensivas aos excluídos, remontam de uns 20 anos para cá.
Portanto, concluo que os brasileiros terão de esperar um bom tempo para que, de alguma forma, esta herança se expresse mais efetivamente, pois a maioria que também neste período se tornou pai, sequer tem noção da importância educacional, já que é desprovido tanto de uma como da outra.
Creio assim que todo aquele que teve a ventura de poder crescer numa família minimamente estruturada e que recebeu o privilégio de uma boa educação formal, antes de ser um crítico contumaz, se esforçasse quanto a valorização do entendimento daqueles que não tiveram as mesmas oportunidades.
Que olhem para seus umbigos e deles tirem subsídios para de forma menos partidária, egoísta e interesseira, poder enxergar as realizações do executivo, legislativo e judiciário, avaliando seus benefícios, para poderem refletir, através de suas posturas, palavras e ações, um entendimento crítico mais producente, seja lá do que for.
Quando não se tem família e escola consolidadas, resta-nos o sistema como mestre, e se este estiver danificado em sua convivência de castas, aí sim, nada engrena e tudo se transforma em caos.
Caos que atinge a todos, letrados ou não. 
O que me leva a crer que por todo o restante de minha existência, continuarei a defender ações e não partidos e políticos, já que não se formam opiniões críticas sensatas e tão pouco se colabora para uma efetiva educação cívica, sem que se valorize o reconhecimento do valor do já realizado.
Estou escrevendo justo porque tenho lido críticas ferozes tanto em relação ao Prefeito de Salvador assim como à Prefeita de Itaparica, onde de acordo com a conveniência partidária, desmerecem-se os feitos, assim como desfilam-se infinitas necessidades, levando os menos letrados a interpretações confusas ou enganosas.
Talvez por esta razão estejamos tão aquém do ideal, pois onde os educados e privilegiados, verdadeiramente, não se doam, o separatismo se mantém, castas se perpetuam e as desigualdades sociais se consolidam.

SAL DA TERRA



E aí, sozinha com os meus pensamentos que são também, meus constantes questionadores de condutas, pergunto mais uma vez que humanidade é esta que esfola, magoa, mata sem qualquer parcimônia toda e qualquer vida, sem mesmo reconhecer a própria?
Assisti ao filme “SAL DA TERRA” que narra a vida esplêndida de Sebastião Salgado, mineiro de Aimorés, que encontrou na França a segurança e o apoio para desenvolver seu talento maior de fotógrafo social e humano nos idos anos 70 e que, de lá até os dias atuais, brinda o mundo com seríssimos registros para estudos e consequente análise do quanto, independentemente de cor, etnia, cultura ou condição econômica, o ser humano pode se tornar bárbaro, cruel e impiedoso, na busca incessante do dinheiro e do poder.
Penso então nos horrores do “Holocausto” que nada mais foi que mais um horror perante aos Céus, pois antes, durante e depois dele, muitos holocaustos houveram e ainda acontecem, sob a consciência cega e muda do mundo, explorada pelas falácias das mídias, discutidas pseudas-soluções pelos países, ditos de primeiro mundo e registradas de forma crua e objetiva através, das lentes e das penas de raras criaturas que confessam suas decepções e traumas, frente a constatação de tantos horrores, admitindo a si próprios, que nós os humanos, somos os animais mais ferozes e impiedosos deste planeta.
Penso então, que apesar disto, existem aqueles que otimistas e perseverantes, buscam alternativas para não desistirem na capacidade humana de regeneração e como ele, dedicam-se a plantarem mudas de belas arvores, num trabalho de restauro, tão importante quanto, fazendo brotar novas vidas, num solo aparentemente ressequido e morto.
Lembro então de Castro Alves, sempre tão presente nas minhas avaliações pessoais.
“Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? 
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes 
Embuçado nos céus? 
Há dois mil anos te mandei meu grito, 
Que embalde desde então corre o infinito... 
Onde estás, Senhor Deus?”... 


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O GALO SE CALOU


São duas horas da manhã, penso que já dormi o quanto bastava, se bem que acordei com o galo de um vizinho bem próximo que esgoelado, antecipa o amanhecer.
Como geralmente acontece, minha mente está a mil, ficando até difícil selecionar um assunto para escrever, afinal, eu ou você, se pararmos para analisar o nosso dia de ontem, que consideramos quase igual aos demais já vividos com raras exceções, chegaremos à conclusão de que por tão somente banalizarmos o nosso cotidiano, deixamos passar fatos importantíssimos que poderiam nos servir no mínimo como aprendizado do que devemos ou não copiar ou reverberar.
Esquecemos que o que ouvimos, lemos e assistimos, através das muitas e variadas mídias, nada mais são que mecanismos aliciadores, responsáveis diretos pela maioria de nossas atitudes, ganhando bonito de qualquer ensinamento doméstico ou formal, já que é contínuo, tendo como propagadores, cada pessoa com a qual interagimos ao longo de cada dia.
A isto chamamos de convivência, daí dizermos que este ou aquele é fruto do meio em que vive, já que os parâmetros avaliativos que recebem são específicos de seu meio. Todavia, com o advento da internet, que veio com o propósito de integrar ideias e ideais, ampliando conhecimentos, globalizando propósitos, fomos acreditando que, verdadeiramente, nossos mundinhos atravessariam fronteiras, mas aí, com ela vieram as redes sociais, com a finalidade de humanizar a máquina e, surpreendentemente, o tiro saiu pela culatra, pois transformou-se em muito pouco tempo, em espaços delimitados e seletivos de trocas de posturas politicamente corretas que aprisionam mentes e restringem um maior aprendizado, já que os grupos são formados por uma pseuda afinidade que se desfaz, imediatamente, se fora dos padrões desejados os sujeitos se postarem.
Ou seja: fale e escreva o que eu espero ler ou ouvir, caso contrário te deleto, fazendo nascer a partir desta liberdade seletiva mais um meio de atavismo que impede um maior desenvolvimento intelectual.
Claro que não estou me referindo a tipos de grosserias brutas e desnecessárias em qualquer interação, mas tão somente, ao que deveria ser um terreno fértil de aprendizado, através das experiências, assim como da forma de ver e avaliar de outros, numa ampliação natural de novos entendimentos que pudessem enriquecer os nossos próprios, numa troca gratificante de vida e liberdade.
Mas poucos se valem desta ferramenta como mais um mecanismo evolutivo.
 Quando cerceamos a nós e aos demais, além da conveniência adequada a um relacionamento de qualquer natureza, coibimos a espontaneidade, que é bem diferente da sinceridade agressiva que ofende e nada de producente oferece, e que pode ser notada sistematicamente, pois como desavisados, trocamos alhos por bugalhos, num pot-pourri de inadequações online, passando a exercitarmos por horas a fio a arte de como manipular palavras que expressem a nossa necessidade de ser aceitos, elogiados e consolados.
Solidão existencial que reside sorrateiramente em cada um de nós.
O galo calou, talvez, tenha voltado a dormir por ter se dado conta de que é ainda muito cedo.
Acho que farei o mesmo...



terça-feira, 15 de agosto de 2017

É ISSO AÍ...


Acordo pela madrugada depois de uma repousante dormida, mas como o mundo ainda dorme, escrevo, numa compulsão incontrolável, como se o universo repleto de energias, de alguma forma, dependesse de mim.
Os neurônios se agitam na busca da seleção das muitas ideias que vão e vem numa rapidez assustadora em apenas, alguns segundos, no qual, permaneço quieta diante do computador.
Às vezes, como agora, desisto de todas, não por vontade própria, mas por uma espécie de negação automática, selecionadora natural que por algum motivo biológico, emocional ou ambos, existe em mim.
Então, respiro fundo, penso em desistir e, até mesmo, chego a levantar-me, buscando outra forma de passar o tempo, enquanto o mundo não acorda, mas aí, volto também num impulso cardíaco e pulmonar, pois as batidas de meu coração disparam e meus pulmões se fecham, muitas vezes exigindo a intervenção da sempre parceira “bombinha da asma”, para um imediato socorro.
Tudo muito louco de ser entendido, mesmo por alguém como eu, que tudo fuço para compreender melhor.
Neste instante, enquanto identifico os mecanismos que movem a minha natureza à escrita cotidiana, penso mais fixamente em mim e nas motivações que me levam neste instante a tentar entender, afinal, em que lugar me coloco em termos de cidadã, pessoa humana e agente político da sociedade em que vivo, que no caso é a brasileira, especificamente itaparicana.
Ora, se não me vejo de direita, de esquerda e muito menos de centro, onde me enquadro?
Sempre fui assim tão solta, sem rumo definido, sentindo-me absolutamente revoltada com tudo que vejo e sou capaz de discernir?
Busco lembranças de uma Regina revolucionária que não media esforços, palavras e nem voz, destemida e arrojada, levantando bandeiras libertárias, acreditando sinceramente que valia a pena pensar em mudanças para que o mundo sistêmico fosse um pouco melhor, menos opressor, mais acolhedor e, consequentemente, humano.
Novamente, neste instante, não encontro uma só resposta às minhas indagações, nem mesmo enquanto dei um tempo e fui abrir portas e janelas para deixar o novo dia invadir com seus aromas mesclados de roça urbana, ainda existente por estas bandas de Ponta de Areia, refúgio incrível que encontrei para tentar buscar respostas às minhas mais íntimas e infinitas indagações.
Vou preparar o café desta manhã, acreditando que talvez, em outra madrugada, eu encontre a bendita resposta ou, quem sabe, um milagre aconteça e, finalmente, surja uma luz no fim do túnel ou, tal qual, Platão, eu volte a me consolar com o mundo das ideias e dos ideais.  




domingo, 13 de agosto de 2017

SACO CHEIO


Coxinha, mulher de barão, intelectual, madame. Na infância, branca azeda, filha de papai rico e tudo isto para me rotularem de pertencer a uma elite FDP e eu, é que sou preconceituosa?
Rótulos...
Com certeza se tivesse saco, ele já teria se rompido de tanto peso por ter que carregar os hipócritas, os reacionários e extremistas, socialistas/comunistas de merda que ficam no aconchego das sombras das fortunas elitizadas, mamando e discursando suas verborreias fantasiosas a respeito de um mundo e de uma convivência sistêmica que jamais existiu, bastando tão somente, buscar-se a história da humanidade, pois esta, desde o seu início, trouxe no seu DNA, os genes da arrogância, da vaidade e do mau caretíssimo, reforçando assim, com suas leviandades ou devaneios, as mágoas daqueles que por alguma razão, não conseguiram escapulir da pobreza ou da miséria, presentes em qualquer sociedade, pois como nas savanas, o animal mais forte ou o mais astuto, entra nas batalhas da sobrevivência, bem mais capaz.
Olhando e analisando os comportamentos sociais, tendo diante de nós o mapa do mundo, chegaremos a dolorosa conscientização que são raríssimos os países que a duras penas, após centenas de anos, atingiram uma leve civilização humanitária de convívio social de direitos e deveres, ficando todo o restante, no patamar dos medíocres, matando-se em guerras idiotas ou fingindo que são humanamente, socialmente e politicamente corretos, mas abastecendo com seus armamentos cada possível guerra que lhes proporcionem mais lucros.
Estou farta disto tudo desde o dia em que compreendi com a nitidez das aguas puras e cristalinas, o quanto, somos todos verdadeiros idiotas, travestidos desta ou daquela fantasia, representando  sem tréguas para descanso, além da morte, no caso bem-vinda, cenas repetitivas de um roteiro feio e nada inteligente, tendo como pano cenográfico, belezas e grandezas sem fim, em um mundo que afirmamos ter sido feito por um Deus com filhos incapazes de darem sentido as suas existências burras e solitárias.
Mas a tecnologia sempre esteve como criadora de meios mais rápidos de integração, através das cartas, telégrafos, telefones, rádios, cinemas, televisões, modelos renovadores da interação e, finalmente, a  instantaneidade da internet,  aparato que nos tem ajudado na ampliação espetacular do conhecimento em geral, mas que também tem sido um incentivador, quanto, a substituição do cérebro pela bunda, num molejo arrepiante que se não conserta, pelo menos diverte, criando polêmicas que nos fazem esquecer os incautos que verdadeiramente somos.
Fora Lula, Fora Temer, fora a estupidez que nos assola.
Que coisa hein!!!


sábado, 12 de agosto de 2017

RECADINHO


Olá,
meu querido pai, você partiu pertinho do Natal de 2000 e de lá para cá, ainda não consegui chorar de tristeza como é inerente às emoções da criatura humana. Nesses quase 13 anos sem a sua presença, após inúmeras reflexões a respeito desta ausência de explicitude da saudade, chego à conclusão sorrindo que afinal, somente o riso, a alegria são capazes de permear as lembranças de todos os instantes que nortearam a nossa convivência, sem máculas por longos e agradáveis cinquenta e um anos.
Também durante todos esses anos de profunda amizade, insistias em não me deixar esquecer que amar e se dedicar, só tem sentido se o outro estiver vivo para receber e, que para os que já se foram apenas deveríamos não deixar morrer suas lembranças.
Pois bem... De você meu querido pai, abasteço-me das lembranças gratificantes de um homem presente, amoroso, responsável e que jamais, deixou de apreciar cada instante de sua preciosa vida, deixando esta sua filha abastecida de sua poderosa, alegria de viver.
E se não bastasse todo este amparo estrutural de vida que você me ofereceu, principalmente mostrando-me o quanto é fundamental não abrir mão dos prazeres, do amor e da capacidade produtiva, ainda o vejo nos traços, no sorriso largo e na irreverência em todas às vezes, que me fito nos espelhos da minha própria existência..
Meu amor e minha gratidão permanecem, induzindo-me a substituir as lágrimas em razão de tua ausência, pelo sorriso amoroso das tuas lembranças.
Ao sempre elegante, cheiroso e irreverente, sr. Hilton de Carvalho, os meus mais emocionados agradecimentos, por ter-me oferecido grandes momentos, a começar pela vida e depois, pelo constante e sábio ensinamento de que em qualquer situação:
A vida é bonita é bonita e é bonita!


segunda-feira, 7 de agosto de 2017

SOU DO TEMPO


Ai, que saudades que eu tenho de minha época de infância e juventude, onde andar sem medo pelas calçadas, praças e praias, fazia de mim, um alguém livre.
Os crimes se tornavam históricos, tão somente, longínquas referências a uma precaução necessária, afim de evitar-se o perigo, remoto risco, muito mais real na mente de nossos pais, zelosos.
Sou do tempo das favelas que não ofereciam qualquer risco, dos raros ladrões de varais, das polícias amigáveis e de vizinhos solidários.
Sou do tempo dos poucos doutores, senhores que dominavam o corpo humano e que além de tudo se mostravam humanos.
Sou do tempo dos preconceitos, onde negros, gays e brancos, não se ofendiam ou se matavam tanto.
Sou do tempo da virgindade, da poesia e do romantismo.
Sou do tempo da cubra libre, do vermute e da Coca-Cola.
Sou do tempo do respeito, da família e da escola.
Ai que saudades que eu tenho da hipocrisia de outrora.

Afinal, feria menos, mazelava menos e matava infinitamente, menos.
A arrogância é sempre um acolhedor esconderijo do preconceito e se adicionar a ela Deus, tudo fica com aparência de justiça ao bem comum.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

O QUE REALMENTE IMPORTA


 Almocei e como faço todos os dias, deitei-me sobre o sofá e fiquei olhando pelos vidros das duas janelas e da porta o sol ameno que decidiu, desde os últimos três dias, ocupar o seu lugar de direito, trazendo de volta a nós, moradores deste pequeno paraíso, a alegria de senti-lo, após meses de muita chuva e de surpreendente frio.
Desvio o olhar e percebo que o sol se reflete na madeira branca do forro do telhado da sala, oferecendo a minha mente uma espécie de liberdade, através dos desenhos livres de cada raio solar, levando-me a pensar o quanto gosto de viver, conviver e a cada dia me surpreender.
Hoje é sexta-feira e confesso que me sinto muito cansada, afinal, a cada década venho percebendo que preciso fazer mais esforço para aguentar o tranco físico e principalmente emocional para executar as minhas lidas diárias de profissional.
Às vezes chego a ouvir a parte racional de minha mente pedindo socorro, mas aí, vem a outra parte que é a emocional, toda faceira com suas argumentações de aparente lógica, convencendo ao meu todo de criatura ativa de que é preciso continuar para, afinal, não deixar morrer a chama ainda ardente que garante a luz do tudo mais que me rodeia.
Mas que nas sextas estou um bagaço, nem mesmo esta minha mente dividida, mas resistente, consegue disfarçar.
E é justo quando finalmente posso relaxar curtindo o retorno do sol e a maciez do sofá, que posso compreender o quanto tem me custado ainda estar sobrevivendo com dignidade profissional em meio a um sistema cruel de homens, lobos e vampiros que se misturam e se confundem, mordendo ou sugando, numa constante guerra silenciosa.
Penso então que o que realmente importa não é o meu cansaço, e sim, o sempre brilho do sol que tardou, mas chegou, acredito que para ficar, pondo fim ao inverno necessário, não me deixando desta forma esquecer da importância das alternâncias, seja lá do que for.


SIMPLESMENTE VIVER...

Neste amanhecer o tudo de bom está acontecendo e ao ler esta minha afirmativa, provavelmente alguns dirão que sou uma idiota da terceira ida...