domingo, 20 de agosto de 2023

MEU ADORÁVEL SAPINHO

E aí, parece que foi ontem, mas lá se vão décadas sucessivas, depois de ter assistido ao lado minha mãe o filme SISSI A IMPERATRIZ e me transportar com certeza como a maioria das adolescentes da década de sessenta, para a Áustria, nos transfigurando na belíssima Romy Schneider.

Se não me falha a memória e ela, anda falhando muito ultimamente, devo ter assistido a dois ou três episódio no cine Astória, lá na Rua Visconde de Pirajá em Ipanema, no Rio de Janeiro e, quando o filme e a pipoca terminavam, a Regininha saia do cinema pisando leve e se sentindo a própria futura imperatriz, transformando os carros que passavam em carruagens e as pessoas, vizinhos e conhecidos que nos cumprimentavam ao longo das largas calçadas em apenas súditos. 

Corria para o meu quarto, jogava-me na cama e através do galho da amendoeira que insistia em adentrar através da janela, caminhava rumo ao condado da fértil imaginação, recolhendo pelo caminho, flores e perfumes que de tão poderosos, permanecem até hoje, como delírios amorosos, capazes de amenizarem as decepções e as dores que as realidades cotidianas, não poupam esforços, afim de descredenciarem o belo, o irretocável, o lúdico que a elas, resistem.

Há muito, fiz dos galhos da mangueira que silenciosa me observa por todo o tempo, caminhos que me conduzem não a um reino Austríaco, mas ao meu paraíso baiano, onde não sou imperatriz, tão somente, senhora do meu destino, reescrevendo-o, incansavelmente a cada cotidiano, quando este, sempre também incansável mensageiro do sistema violento e cruel, bate no portão ou tenta me invadir, através da mídia venenosa, instantaneamente contagiante.

Nunca cheguei a ser uma SISSI, muito menos uma Romy Schneider, mas encontrei um Príncipe, que vez por outra, se transformava em sapo, mas que apesar de já não estar mais comigo fisicamente, se mantém presente, através das lembranças que se tornam balsamos para a imensa saudade.

Hoje, três anos sem o meu adorável sapinho Roberto, o Príncipe de minha existência.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

ESPLENDIDO GOZO

De onde surgiu o meu improviso, não sei precisar, mas, com certeza, sempre foi a minha mais autêntica realidade, custando-me em algumas ocas...