A noite chegou e se mantem morninha, combinando na medida certa com este pedacinho de lindeza, que é a minha Itaparica.
Ouço a delicadeza de Noturno de Chopin, afim de combinar com a leveza que me domina, podendo deixar minha mente deslocar-se para o infinito de mim mesma, onde certamente, sempre encontro respostas concisas para minhas dúvidas em relação à mente humana, sempre um vasto labirinto de performances que se encanta, também assusta.
As vezes como agora, posso apreciar com uma certa segurança os bailados mentais das pessoas ao meu entorno, mas nem sempre foi assim...
Ainda posso sentir as vibrações emocionais de muitas delas, invadindo-me e eu, algumas vezes, de tão ferida, precisei dobrar-me para suportar as dores da decepção.
Dobrei-me tanto e tantas vezes, buscando a sobrevivência nos recôncavos de minha própria alma, que sequer percebi a couraça que em mim se desenvolvia, forrando minha mente e meu estômago, numa proteção bendita.
Penso então, entre os sons dos acordes deste incrível piano que simplesmente adoro, que nada, absolutamente nada é possível ser estruturado na criatura humana, se esta, não aprender a sobreviver aos desertos e variadas tormentas, deste sistema que de tão cruel, faz de cada ser humano, uma espada embainhada e bem afiada, não para uma defesa honrosa, mas para ataques impiedosos.
Comecei esta quarta-feira, citando Mario Quintana e com ele a encerro lembrando a mim e aos que me leem que:
“A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas”.
QUINTANA, Mario. Nova Antologia Poética. 9. ed. São Paulo: Globo, 2003.)
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