O dia amanheceu ensolarado e quente e mais uma vez contrariando a minha natureza, fiquei deitadinha até a pouco, sentindo o prazer inenarrável de acordar cercada de meus amores e aí, dou graças a Deus por ter me abastecido de sensibilidade suficiente para eu não banalizar em momento algum a minha vida, sempre cercada dos calores humanos, com os quais, caminhei nesta estrada existencial.
Neste instante, vem a minha mente a imagem de uma garotinha, sentada no portão do prédio da rua Barão da torre que reconheço ser eu, observando com atenção as pessoas em sua maioria vizinhos que passavam pela calçada.
Este fascínio por gente, levava-me a tentar adentrar em suas almas, como se meus olhos fossem câmaras de registro emocional que de tão potentes, eram capazes de registrar e decodificar através de seus caminhares, seus eus, que ora se mostravam translúcidos ora mostravam-se opacos.
Ainda posso escutar minha mãe me chamando para o lanche da tarde com seus sonoros e agudos assobios, interrompendo o êxtase que a beleza diversificada das pessoas provocava em mim. Incrível é o nosso inconsciente, guardião silencioso dos tesouros e das mazelas absorvidas e de acordo com o atual estado de nosso consciente, libera cenas e emoções, exatamente, como foram registradas.
Com o passar do tempo, fui compreendendo a conexão fiel de ambos e aprendendo maliciosamente a cultivar o bem com a vida, afim de aliciar o sr. inconsciente, a só liberar as benditas lembranças que induziriam o meu consciente a provocar aquele estado de poesia de que tanto falo e escrevo.
E aí, viciei-me em ser feliz e quando, vez por outra perco o foco, vejo-me, sentindo pena de mim, num vergonhoso retrocesso emocional, que nada acrescenta à minha vida, apenas rouba o sol, que elegi como minha luz interior.
Para você que me lê, um sábado amorosamente iluminado com boas e gratificantes lembranças, ingredientes indispensáveis para fazer brilhar o seu aqui e agora.
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