terça-feira, 25 de janeiro de 2022

O CALOR TEM DESSAS COISAS...

Finalmente, a noite chegou para aliviar o meu corpo que cansado se arrastou por todo este dia, aliás, mais um de extremo sufocamento por estas bandas de clima bipolar, conseguindo inclusive, levar não sei pra onde, as minhas inspirações que, reconheço estão como tartarugas, quando me acostumei a conviver, tendo-as como um sempre papa léguas, dia e noite sem parar.


Não chego a estar borocoxô, mas longe de me sentir a moleca, dos risos fáceis, então, pego carona na seriedade que se encostou em mim, pensando que de repente, deve ser assim que as mulheres da minha faixa de idade se sentiam no século passado, que mesmo já estando convivendo com as mudanças radicais que o mundo experimentava, sentiam-se alijadas e automaticamente, como forma de sobrevivência, agarravam-se como naufragas aos netinhos, derradeiras glórias de uma vidinha sem graça e sem brilho próprio, ainda tendo de fingir educadamente, não saberem que seus maridinhos, reservavam para si, os prazeres de fim de carreira junto a outra ou outras.

Nossa, fui buscar longe num comparativo que na realidade, nada jamais teve a ver comigo e com a mulheres de minha família, mas nos entornos...

BEM...Eu não tenho habilidades manuais, detesto perambular pelas ruas, não bebo e não fumo mais e ainda por cima, não tenho netos, restando apenas, minhas borboletas e pássaros que hoje, aporrinhados também com tanto calor e sem as costumeiras vegetações, encostaram-se em mim e juntos, voltamos ao passado, nos voos serenos dos comparativos.

E aí, penso que os costumes vêm mudando de lá para cá, bem mais lento do que deveria, mas fazer o quê, num país, aonde ainda as mulheres são condicionadas a coroar suas vidas com um macho dominador, caso contrário, tornam-se as largadas de plantão, desfilando com o estandarte de suas liberdades e ainda tendo de arrastar suas pesadas solidões, afinal, esqueceram de aprender como viver sozinhas, desfrutando da própria companhia, ponto de partida para a real e estruturante liberdade.

Rapaz observo que vão do céu ao inferno em horas, sem lembrarem por um só instante, que liberdade é bem mais que rolar de cama em cama, assim como felicidade, está muito além de um casamento de merda e que só elas, são capazes de buscarem e encontrarem seus próprios equilíbrios emocionais, mandando as favas um sistema corrupto e hipócrita.

Jesus, fui ao século de minha avó e das mães da maioria das minhas amigas, ao cotidiano de uma juventude pesadamente livre...

AH! As Hildas de minha vida, foram grandes mestras e ainda, fizeram de mim, poeta...

Pode uma coisa dessas?

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Sou uma velha de 75 anos que só lamenta não ter tido aos 30/40 a paz e o equilíbrio que desfruto hoje. Sim é verdade que não tenho controle ...