terça-feira, 26 de dezembro de 2023

RICHARD CLAYDERMAN

 Faz tanto tempo, mas parece-me que foi ontem, que sentada no chão com as pernas cruzadas, por sobre o tapete de pele de carneiro, tendo diante de mim, a velha máquina Remington portátil  apoiada na mesa de vidro redonda, no centro da sala de esta, onde absolutamente só, pois, todos sabiam que quando lá eu estava, nada poderia interferir nas minhas orações, sim porque, escrever naquele ambiente, após um dia exaustivo de trabalho, sempre foi o que me determinei a usufruir, pois, representavam momentos de absoluta paz.


O tempo foi passando, os ambientes mudando em suas configurações, a velha maquinha foi substituída por caneta e grossos cadernos, num resgate de hábitos da adolescência, onde  no meu quarto, tendo a companhia de um dos galhos da velha amendoeira da vizinha que, atravessava o muro e parte do quintal, adentrando sorrateiramente, através da janela, querendo também a minha companhia, tanto quanto eu a dele, assim como dos pássaros que faziam dele, pousadas seguras, dividindo conosco, momentos incríveis de sonhos e sentimentos, fazendo de seus cantos os mais sublimes sons inspiradores.

Décadas depois, cá estou, numa mesa redonda, tendo diante de mim, um notebook e a minha direita, o cenário delicioso do jardim, repleto de galhos da mangueira e da amoreira, pousos garantidos e seguros de uma variedade de pássaros que cantam só pra mim, assim, como borboletas que bailam, desviando a minha atenção para que então, eu possa usufruir do sempre raro espetáculo de leveza e sedução.

Penso então, que verdadeiramente, sempre fui uma fiel determinista em relação a tudo quanto, me é indispensável.

Provei na infância, nas águas do riacho de Guapimirim, o frescor da deliciosa sensação da paz e nunca mais me permiti, deixar de senti-la, pois, compreendi sem mesmo na época poder explicar que nestes momentos, eu me inseria em mim, o que muito mais tarde, constatei serem benditos encontros com Deus, que hoje, reconheço que sempre esteve bem juntinho de mim, reforçando a cada instante, principalmente, naqueles dolorosos, decepcionantes ou mesmo apáticos, que a vida é bonita e que só depende de mim, enxerga-la e vivenciá-la com as luzes da sempre esperança.

Pra você que me lê, rogo o determinismo de não dispensar os momentos de absoluta paz, caminho único, capaz de promover seu encontro com o seu Deus, que o aguarda sempre paciente e amoroso.

Regina Carvalho- 26.12.2023- Itaparica

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