quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

FALSO BRILHANTE

Estou aqui pensando nas pequenas coisinhas que vivemos fazendo ou recebendo no nosso cotidiano e que sequer oferecemos importância maior, pois fazem parte de uma rotina, nos levando a esquecer que são justamente essas aparentes banalidades que consomem a maior parte de nosso tempo, dando ou tirando o brilho de nossos instantes presentes, dependendo de como somos capazes de recebe-las ou realiza-las.

Levar e trazer os filhos das escolas, ir ao supermercado, enfrentar a fila do ônibus e depois, ele abarrotado, correr para chegar ao trabalho sem atraso, dizer, bom dia, ao vizinho, ao porteiro do prédio ou aos alunos em cada sala em que se vai dar aulas, pensar no que se vai almoçar e etc e tal.


Lamentar ou chorar a perda de um parente ou de um amigo, segurar o xixi ou a fome, naquele engarrafamento infernal, ser bem ou tratado com indiferença pelo funcionário público daquela entidade, na qual boa parte de nosso salário é consumido, através dos mais altos impostos do mundo ou numa das dezenas de ligações telefônicas que fazemos às operadoras de telefonia, Sky ou qualquer serviço no qual pagamos e pagamos anos à fio e sequer nos oferecem um rosto e uma alma para nos atender.

Choramos e nos descabelamos se o dinheiro acaba no meio do mês e nos tornamos as pessoas mais frustradas do mundo, ao constatarmos que apesar de tanto trabalho e lutas é justo o “político safado” que leva a melhor.

Também consumimos anos insubstituíveis, querendo ter um corpinho de modelo de revista ou de atriz de televisão ou quando percebemos que nossos maridos, noivos ou quebra galhos, estão embevecidos diante daquela mulher que miseravelmente tem o corpo que a gente, que fez tantas ginásticas e dietas, jamais conseguiu alcançar.

-  E aí, pensamos, FDP...

E o tempo vai passando entre os afazeres profissionais, domésticos e amorosos, e assim, quase que de repente, em um certo momento, jamais esquecido, nós, imprudentemente, olhamos no espelho com mais atenção, e, VIRGEM MARIA, envelheci e nem percebi !!!!!!!!!!!!

E agora, o que fazer?

A partir deste crucial instante, cada uma de nós abraça uma tábua, buscando salvação, todavia bem cientes de que nada adiantará, pois quando a safada da física e dos hormônios resolvem descer ladeira, nada será capaz de detê-los, talvez com muitos sacrifícios, retardá-los com mil recursos, mas aí, volta à tona o mais poderoso argumento que até então tirou-nos a paz:

 Dinheiro, que agora chamam de aposentadoria, mais minguada do que nunca, cadê este safado que insiste em acabar no meio do mês?

Nossa!!!

E pensar que todos esses sofrimentos cotidianos, foram sendo vivenciados e sequer oferecemos a eles a devida importância e, muito menos, tentamos corrigi-los ou eliminá-los, até porque, em sua maioria, não seria possível, principalmente, as ações cretinas do tempo que insiste em tornar flácidos os nossos lindos peitinhos e jogar do despenhadeiro, nossas bundinhas sensuais, com as quais fizemos no passado, as esposas, namoradas e quebra galhos de infinitos homens desviarem seus olhares, matando de raiva as pobres desavisadas, como nós nos tempos atuais.

A lei do retorno, não perdoa, e nós, menos ainda à este tempo safado, que passa calado, sem sequer nos dar um pequeno aviso nas muitas de suas  passadas em nossas vidas, apenas para que ele, não fosse desconsiderado, principalmente, no tocante aos estragos que opera, tornando-se devastador, assim como nos estimular a dar a devida importância a cada instante presente, onde existem as labutas,  aborrecimentos, desilusões, perdas dolorosas, mas também vitórias, sorrisos de pura alegria, beijos gostosos, carícias inesquecíveis, sonhos, ilusões e muita, mas muita vida, que afinal, é bonita é bonita e é bonita.

Um dia de muitas alegrias, acompanhado de um beijo enorme desta senhora vítima do tempo, mas amante gostosa e amorosa da vida.

Regina Carvalho- Texto escrito especialmente para as mulheres em dezembro de 2014- Itaparica

Nenhum comentário:

Postar um comentário

BRINDES DA VIDA

São tantos os que recebi ao longo de minha vida, que não haveria pautas suficientes para enumerá-las, todavia, podem ser resumidas numa únic...