São quase meia noite e dentro de três minutos, o dia 24 de dezembro chegará, assim como eu que acabo de chegar da pizzaria, onde fui com amigos e pude observar, o volume de carros que estavam estacionados ao longo da Orla de Itaparica, por conta da festa de Natal, promovida pela Prefeitura.
Segundo uma amiga que encontramos no nosso retorno, tudo estava um espetáculo, tanto na organização, como na quantidade de presentes que estavam sendo distribuídos, o que me deixou feliz, afinal, o lúdico é de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo das crianças e quando, o assunto é ser humano e benefícios a eles, meu coração se enternece, ficando o tudo mais, relegado a um segundo plano.
Todavia, a alma da humanista, sempre vai além do aparente, do lúdico e da cenografia, fazendo-me lembrar dos bairros humildes e de suas crianças.
Será que estas, tiveram o privilégio de estarem presentes ou, só uns gatos pingados, filhos, netos e sobrinhos dos funcionários, tiveram acesso, por morarem o Marcelino, Porto Santo, Manguinhos, Misericórdia, Barro Branco e etc.?
Teriam tido ônibus escolares para buscarem os alunos?
Será que foi nesta ocasião que finalmente, receberam os 1.900 panetones que foram comprados?
Estou perguntando, porque, não constatei in loco e sinceramente, espero que não só os panetones, como outros quitutes tenham sido distribuídos, afinal, foram comprados tantos ingredientes, justo para este fim, que seria natural, distribuírem bolos, tortas e outras delícias para a garotada, talvez, as uvas, as ameixas e os pêssegos que listados estavam nas compras da secretaria de educação.
Bem lá não estive, mas a amiga de minha amiga, avó de duas crianças lindas, lá esteve e estava encantada com o carinho que os mesmos foram recebidos, ao ponto de poderem escolher o brinquedo desejado e aí, penso que esta minha amiga, mora numa boa casa, perto da orla e seguramente, seus netos, irão receber brinquedos variados, hoje a noite, antes da ceia natalina.
E aí, novamente penso que realmente, este mundo não é justo, assim como eu, sou uma babaca que ainda acredita numa tal de consciência humana e cidadã, que há muito se perdeu no balaio das indiferenças, já que se meus fossem os netos, com certeza, eu não permitiria que usufruíssem de brinquedos que uma imensa maioria, jamais terá acesso, assim como, a leviandade de se oferecer brindes a quem, verdadeiramente não precisa.
Jogar pra galera é sempre uma estratégia política de fundamentação legal, se bem que imoral aos olhos e avaliações de gente chata e retrógrada como eu, que não consegue esquecer da fome, da miséria das periferias que no nosso caso, por sermos uma cidadezinha pequena do interior, é bem aqui, bem ali, onde os olhos de qualquer um, são capazes de enxergar.
Penso então, que Itaparica já vivenciou “O Natal do meu Tempo” e agora, pelo visto, vivencia “O Natal das Ilusões”...
Regina Carvalho- 24.12.2023- Itaparica
“Onde houver trevas, que eu leve a luz”
Político brasileiro é tão bonzinho!!!
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