A princípio, nada me inspira
Parecendo que tudo já tenha sido dito, escrito e pensado
Um enorme vazio, faz oca a minha mente
Capaz de deixar-me ouvir os ecos
Continuados do muito variado, que gritei em letras.
Troco de música, mas só ouço os pássaros
Nem mesmo Debussy, Beethoven ou Elton John
Em seus estilos e intenções variadas
Preenchem minha mente de ilusões, fatos
Dúvidas ou certezas, neste lindo amanhecer
De um quase verão, mas já abrasador.
Tudo que ouço, como uma magia
São os cantos também variados
Vindos lá do jardim, em solo ou coro
Impedindo os meus ouvidos de escutarem
Os sons da criação humana, talvez
Para que nesta manhã de sábado
O apenas original, seja o protagonista.
Tudo por mais bonito, sério, triste e muito feio
Vim registrando em versos e prosas
Sem me aperceber, que só a mim importava
As dores do mundo, o sois dos amanheceres...
Terei adentrado nas almas, através dos olhos, daqueles que me leram?
Ficara algo de mim, neste universo tão amplo e variado?
Ou serei tão somente, uma brisa invisível que passou
Ora refrescando, ora arrepiando, suscitando o desejo,
do sempre bem-vindo, quero mais...
Penso, então que se eu, não fosse poeta e uma tenaz escrevinhadora
Não me daria ao desfrute de ser, absurdamente vaidosa
Ao ponto de crer-me inesquecível,
ao ponto de comparar-me à uma brisa...
Regina Carvalho-16/12/2023- Itaparica
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