Impossível não ter a compulsão prazerosa de escrever neste meu reduto delicioso e ainda, ouvindo o que existe de melhor em música. Agora por exemplo, estou escutando "Impossible", com Tony Bennett, deixando o meloso de sua voz deslizar em mim, fazendo emergir o tudo de bom em recordações que fizeram de minha vida, um constante tesão.
Tudo, absolutamente tudo me era importante e desafiador, superar, conquistar, perder, enfim, não houve obstáculos que me travasse, impedindo-me de sentir.
Bom demais...
Ainda muito cedo, prestando atenção em tudo a minha volta, percebi encantada que não estava por aqui a passeio, mas para esgotar até a última gota de minhas energias, sorrindo ou chorando, eu queria mais era viver e registar a vida. E como vivi ao ponto de até hoje, ainda ter quem não compreenda o quanto fui feliz, mesmo, no fundo do poço, afinal, dele saía sempre renovada e prontinha para outras benditas experiências, mas sempre sem entender como poder-se-ia passar por esta vida, sem sentir grandes emoções.
Para tanto, casei com o parceiro certo para me acompanhar ou eu a ele, em infindáveis estrepolias... Lembro que pouco antes de morrer, ele queria deixar a casa de Itaparica para passar férias e mudar para Santa Catarina. Essa foi a primeira ideia em 52 anos que eu não topei e como o conhecia com a palma de minha mão e ainda contando com o apoio dos dois filhos, certamente, eu teria cedido a pressão, afinal, estar com ele, aprontando todas, era tudo que verdadeiramente, importava.
As vezes ou quase sempre, sorrio, chorando, porque não há tristeza, sentimento de perda ou emoção que o valha, apenas lembranças do muito bem vivido, sem controles ou regras pre determinadas, mas numa fidelidade de alma, também não programada, mas absurdamente resistente, aos muitos ventos e tempestades, porque, afinal, nem eu e ele, éramos flores para serem cheiradas, um pelo outro.
Éramos teimosos, abusadamente livres, tínhamos pressa em viver e aí, revejo um pouco deste jeito de ser em minha Anna Paula, uma eterna Maré de Março, transbordante...
Apesar desta inconstância, tão incomum nos demais, criamos lindos e amorosas filhos, transferindo para eles o sentido poderoso da união, sem correntes, sem amarras, sem determinismos, sem mascaras e por Deus, sem culpas...
São criaturinhas altamente confiáveis, dóceis e ariscas como os pássaros, fortes e resistentes como equinos puro sangue, batalhadores responsáveis como as abelhas, dividindo cada qual, o seu mel, garantindo assim a fartura da colmeia, tal qual, aprendi desde pequena, no seio da minha família de origem portuguesa, com certeza.
Relato sentimentos e emoções, sem floreios encantados, mas com a precisão do real sentido.
Tem sido um “barato”, não parar de viver, sorrir, chorar e dizer “Eu te amo” para quem, desperta em mim, tesão pela vida, mesmo, longe dos filhos e do meu sempre amor.
Uma noite de sexta-feira, repleta de tesão, pra você que me lê, mesmo, não tendo quem o acompanhe nas suas estrepolias, reais ou abusadamente mentais...
Porque afinal, nada é impossible...
Regina Carvalho-15/12/2023- Itaparica
Olhas as caras dos moleques safados de 70 anos!!!kkk
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