Neste amanhecer de domingo, acordei com a palavra amigo na mente e estou desde então, fazendo um rastreamento cronológico em minha vida, pensando e analisando, nas muitas confusões que me trouxeram decepções, justo porque, não soube observar as pessoas e a mim mesma, fazendo das emoções, rios caudalosos, sem as benditas margens que na realidade, são o bom senso e a lógica avaliativa.
Ao revê-las, assim como nossos encontros e despedidas, reconheço suas importâncias naquelas ocasiões, onde por motivos diversos, foram fundamentais, mas daí, tê-las incorporado ao meu íntimo, em muitas ocasiões, foi um equívoco que desperdiçou meus instantes seguintes e empanaram a importância de suas presenças e atitudes, no exato momento em que me foram imprescindíveis ao ponto de levar-me a confundir suas motivações, elegendo-as enganosamente de “minhas amigas”.
O mesmo ocorreu com elas (eles) em relação a mim, exatamente porque, somos induzidos a não colocarmos qualquer raciocínio lógico em nossas avaliações, quando a simpatia, o encanto, as necessidades e as mil faces das atrações emocionais, nos invadem, fazendo-nos sentir culpas variadas por estarmos sendo frios em nossas avaliações.
Conviver é a maior, melhor e simplesmente, inevitável função de um ser vivo, todavia, ao humano por possuir em sua estrutura biológica o bendito poder de raciocínio, tudo se torna complexo, já que aliado a este incrível atributo, existem as emoções, geradas pelos sentidos que por serem sistematicamente desconsiderados e, portanto, pouco íntimo da mente, criam situações enganosas que inevitavelmente, se tornam conflitantes, atraindo as ditas decepções, assim como a desprezível sensação de que fomos traídos, usados e aos mais dramáticos, “ferido de morte”.
Nestes momentos das constatações, de amigos passamos a ser vítimas, esquecendo-nos que provavelmente o outro de forma absolutamente pessoal e intima, também assim se sente, afinal, entre ambos, jamais houve a sinceridade dos propósitos, a confissão clara do que um esperava do outro, a observação necessária do caminhar daquele relacionamento.
Penso então, que em meio há tantos desconhecimentos cognitivos, consegui arrebanhar preciosas criaturas que em tempos determinados, preencheram as minhas mais profundas necessidades, mas que jamais poderei chama-las de amigas e outras poucas, algumas que já nem neste plano terreno se encontram, mas que foram parceiras espetaculares, porque nos permitimos conviver sem máscaras, aceitando por todo o tempo a mais simples e real das possibilidades que é o cometimento dos erros, dos enganos e das fracas ou inexistentes avaliações, permitindo que ambos pudéssemos usar da bendita franqueza, capaz de nos fazer pensar sobre nossas próprias atitudes, não para sermos perdoados, apenas compreendidos.
Afinal, numa relação onde existe um campo livre para que se possa ser livre, inclusive e principalmente para expormos as nossas infinitas fraquezas, assim como nossas dúvidas em relação ao outro, com certeza, existira toda uma atmosfera de verdades que na realidade é o mais saudável campo onde a empatia encontra espaço para solidificar uma resistente amizade, a mais pura, segura e consistente forma de amar.
Que neste domingo ensolarado, próximo da fraternidade que o Natal inspira, você que me lê, possa olhar para as pessoas ao seu redor com a mente e o coração amorosamente dispostos a uma avaliação honesta do seu dar e receber.
Regina Carvalho-10/12/2023- Itaparica
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