domingo, 17 de dezembro de 2023

O RETORNO DA VIDA...

E aí, desde as cinco horas deste amanhecer de domingo, seguindo a disciplina de tomar o meu pingado e depois, ou ao mesmo tempo, começar a escrever, hoje, não foi seguida.

Fiquei olhando as publicações, compartilhando as que me pareceram mais interessantes, até que, uma em particular, chamou a minha atenção, remetendo-me a fatos ocorridos em minha vida que, estavam guardados na caixinha mental das experiências que a priori, balizam meus sentimentos.

Ouvi e vi o vídeo duas vezes e enquanto isso, rapidamente, minha mente, resgatava imagens de momentos de minha vida que necessitaram de apoio espontâneo, daqueles que estavam à minha volta e que, certamente eu dedicava atenção e carinho e que, cria também nutrissem por mim.


Parei para pensar a respeito deste destampar de emoções, chegando a mais dolorosa das constatações de que, poucas, eu diria, raras, vieram em meu socorro.

Em meio a esta cascata de indiferenças, rostos, intenções e ações de uma pequena fração de pessoas solidárias, geralmente, estranhas ou distantes de meu convívio, ao me verem em situação difícil, vieram em meu socorro, em movimentos benditos de pura solidariedade, sendo que maioria, pouco ou nada sabia de mim.

E aí, nesta era cruel do toma lá, dá cá, sou constantemente inquirida do porquê, deste ou daquele convívio, desta ou daquela convivência?

Pois é...

Depois, de uma vida longa de experiências nada comuns e de escapes de sobrevivência, assim como, os mergulhos profundos que periodicamente me submeto, submergindo nas profundezas de mim, seria absurdamente inútil, se todo esse manancial de realidades questionadas e respondidas, não tivessem sido absorvidas pelos meus sentidos e mente. 

Afinal, como eu poderia escrever tão realisticamente sobre dores e alívios, se não os tivessem sentido?

Sim, passei a vida tão envolvida com as emoções humanas que me esqueci da pratica do cotidiano, das inerências especulativas disto ou daquilo, do aprendizado das novas nuances morais e éticas desta sociedade, cujos valores, são adaptáveis ao gosto de cada interesse pessoal.

De repente, e não foi ontem e muito menos hoje, percebi que na busca do aperfeiçoamento da minha humanidade, esqueci-me de aprender os mecanismos comportamentais que também foram se aperfeiçoando, fazendo de cada criatura, independentemente de credo, cor ou condição financeira, cópias de um modelo frio e egoísta de exclusivismo, onde tudo é válido, desde que traga vantagens.

Fui aterrorizada percebendo, que o pior possível de se ser, foi rapidamente se adequando ao modelo de sucesso a ser seguidamente copiado.

Só, que ao perceber que eu havia parado no tempo, já era tarde para que eu pudesse, pelo menos tentar me salvar das profundezas deste social macabro. Fui engolida pelos valores modernistas, ainda aos quarenta anos, restando-me, tão somente, sobreviver blindada com o escudo das riquezas que armazenei, sem mesmo ter percebido, nos infindáveis mergulhos existenciais que me submeti voluntariamente ou, talvez, vai se saber, induzida por uma espiritualidade que com as vibrações sempre estendidas em minha direção, direcionou lindas criaturas para virem em meu socorro.

Portanto, não me sinto derrotada, apenas fora do contexto, disto ou daquilo, não me desesperando em nenhuma situação, confessando sem pudores, minha quase total ignorância, neste ou naquele aspecto, sorrindo amorosamente, quando subestimam a minha sensibilidade e percepções, afinal, amando incondicionalmente a vida e ao tudo que nela habita, sem rótulos, retóricas, hipocrisias, falsos valores, julgamentos ou culpas, dela, também amorosamente, recebo o amparo, sempre que necessito.

“Penso então, no plantio e na colheita”

Colhendo-se na mesma intensão e proporção do plantio”.

“Onde houver trevas, que eu leve a luz”

Regina Carvalho-17/12/2023- Itaparica

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