A cada dia mais me convenço que vivemos por todo o tempo, sendo exatamente o que somos e que até, podemos fugir ou camuflar por um certo período, motivados por sentimentos que a principio nos parecem mais fortes que nossas essências, todavia, basta que as circunstâncias apertem um certo gatilho, numa variável absolutamente individual, para que nossa essência reapareça com forças redobradas.
Esta premissa se comprova a cada instante, em todo e qualquer relacionamento e a falta da aceitação desta simples realidade, leva-nos a seguidos enganos, muitas vezes, mortais.
Ninguém muda ninguém, quando muito, moldamo-nos por esta ou aquela conveniência que cremos necessitar ou simplesmente, desejamos.
E aí, explicam-se os relatos sempre dolorosos, sejam nos tribunais, delegacias ou consultórios, onde o inicial belo e nobre, transfigurou-se em feio e grotesco.
O que fazer?
Não existem cartilhas que façam a percepção dos sinais serem suficientes, afim de evitarem que a paixão, a necessidade ou as circunstâncias, percam a força do bom senso.
Geralmente, dizemos para nós mesmos que o tempo, o amor ou o reconhecimento, através do cotidiano, num entusiasmo consolador, se encarregará de corrigir ou amenizar o absolutamente real e desastroso no outro, que não nos agrada, magoa ou nos faz sofrer.
Ledo engano, afinal, uma vez que a essência se vê novamente livre, reassume seu protagonismo, assim comporta-se o outro e nós também.
Portanto, penso que milagres acontecem por todo tempo, pois, diante deste quadro emocional no qual, estamos inseridos, é até de se admirar que exista esta tênue harmonia social e, portando, devendo-se principalmente, as leis inibidoras, as religiões apaziguadoras, os benditos freios destas nossas essências, nem sempre mansas e dóceis, nem sempre auto domináveis.
“Ninguém muda ninguém, meu bem
A não ser que tu também,
estejas sempre a sonhar
Pois, os sonhos são profundos.
São como poços bem fundos
Que o bom senso, nem sempre
consegue alcançar”.
Regina Carvalho- 31/10/2023- Itaparica
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