O dia amanheceu ensolarado e ao observá-lo através da janela,
sou induzida a imaginar que o tudo mais está tão calmo, como o simples deitar do sol sobre o jardim...
Ledo engano a que meu consciente se deixou convencer, infinitas vezes, receoso em ter que admitir, a constante revolução existente em mim.
Então, escrevo, crendo que sou cronista e poeta, privilégio a poucos reservados, despertando inveja, admiração e até desprezo, daqueles que como eu, não pari o seu interior, libertando-se continuamente do feto criança, muitas vezes, semimorto, mas latente, entre as entranhas de si mesmo.
Se não bastasse ser cronista configurando o cotidiano e poeta de gestações longas e muitas vezes doídas, fazendo de cada poesia uma contração de um parto difícil, trazendo à luz da consciência, ora feto morto, ora uma saudável esperança, repleta de vida.
Não importa a dor ou a alegria que eu esteja sentindo, pois, mantenho em uma das mãos, um único pincel, e como artista da vida, não abro mão de ser também pintora, enfeitando com variados tons de minha paleta de cores, o que ainda me é duvidoso.
Todavia, é na figura da atriz, consagrada pelo público, que exibo triunfante, o talento da sobrevivência.
E de aplausos em aplausos, vou seguindo a vida enxergando-a bonita, ensolarada ou chuvosa, mas indiscutivelmente, repleta de amor e infinitas emoções.
E se de minhas entranhas, não pari os frutos do amor idealizado, fiz deste mesmo desejo, útero perfeito, quente e acolhedor para abrigar, os frutos que me foi possível colher.
Este texto dedico a um escritor que disse: "Os personagens antes de existirem estão em nós!
Não os criamos.
Parimos"!
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