quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Divinas pérolas

Literalmente madruguei, afinal, fui dormir às 21 horas e como meu tempo de sono se limita em cinco, cá estou como um fantasminha, tomando o meu pingado e ouvindo a deliciosa Elizete Cardoso, a voz que em minha infância, com certeza, reforçou em mim este gosto pelas artes, despertando na garotinha sonhadora o desejo ardente de estar num palco por toda a vida e de preferência, cantando, dançando e representando, porque, afinal, “merda pouca é bobagem” e se era para eu escolher um caminho para o meu futuro, com certeza, ele precisaria ser irrestrito e completo.

E aí, ser só uma artista era pouco, afinal, como uma romântica safadinha, também sonhava encontrar um grande amor que me permitisse ser absolutamente livre, cercada de luzes, cores, aromas e muita ação, contudo, permitindo-me também, reservar o mar de Ipanema e as matas com o precioso regato de minha Guapimirim, como repouso e inspiração.


Tadinha de mim, quanta inocência e pretensão, acreditar que seria uma tarefa fácil...

“Ninguém pode ter tudo meu bem, a não ser que você também esteja sempre a sonhar”

Foi o que escrevi alguns anos depois, quando descobri que precisaria fazer escolhas...

 Mas como escolher, meu Deus?!

Na falta total de espaço racional em meu cotidiano sistêmico para tantas atividades, mas conservando a fidelidade, característica maior de minha personalidade, assim como, a incapacidade de simplesmente deixar de lado, tudo quanto, me era fundamental, optei em reservar no interior de mim mesma, um lugarzinho para cada querer e paixão, e assim, o fiz e ao longo de minha existência, desdobrei-me nos cuidados com eles, cada qual, no seu cantinho se expressando de acordo com as necessidades de minha alma.

Sorvi Elizete, Fernanda Montenegro, Pablo Neruda, Picasso, Chopin e muitos outros, absorvendo e fazendo de cada um, referências para que eu pudesse no meu palco pessoal, atuar da melhor forma possível, afim de vivenciar o meu grande amor.

Eita, vida generosa, que tudo me permitiu desfrutar,

e ainda, teve gente que esperava que eu fosse normal...

Como poderia ser isto possível, em meio a este manancial de atividades emocionais, afinal, administrar este farto e diversificado cognitivo e sendo mulher, é coisa pra louca!!!

Louca de amor pelo belo da vida...

Louca sim, por não abrir mão de sentir e vivenciar as maravilhas, com as quais, eu me identificava.

E aí, hoje é FINADOS e como de hábito, penso e escrevo sobre a vida e no quanto, precisei não a desperdiçar, sorvendo o tudo de bom, cuspindo o ruim que fatalmente existiu, lambendo os beiços e dizendo por todo o tempo, em gratidão as Divinas Pérolas, amém.

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