sábado, 28 de outubro de 2023

CADA VEZ MENOS...

De repente, neste amanhecer quente e abafado, sem qualquer brisa que refresque, cá estou escutando Tereza Cristina, cantando Chico Buarque que pra mim é um mestre, capaz de descrever o ser humano no seu cotidiano, como ninguém mais pelo menos nos últimos cinquenta anos, desde quando, comecei a ouvir suas criações.

Penso que mais que um compositor e poeta, Chico é um contador de histórias e acima de tudo um cronista e aí, por minha mente transpassa a noite de ontem em conversas agradáveis com um amigo, confabulando a respeito de religiões, ele me perguntou se eu acreditava, em reencarnação.


Por um instante, hesitei, afinal, não estava segura para responder sem cair inevitavelmente nos achismos convencionais e imediatamente, só havia em mim a disposição em dizer e o disse; não sei...

Irreverente, minha amiga Tereza, respondeu por mim, afirmando inclusive que havia testemunhado uma minha incorporação que chocou tanto a ela quanto a outras duas amigas presentes na ocasião e levantou-se e representou como só ela é capaz de fazê-lo, um final de uma live, tempos atrás em que de um instante para o outro, eu em segundos, discorri sobre um assunto que em estado normal, sabiam que eu, jamais o faria.

Mas teria sido uma incorporação ou tão somente, a liberação de meu consciente, acumulo de conhecimentos do assunto ou oportunismo de minha vaidade até então ferida, que aproveitou a situação e se permitiu um desabafo???

O fato de em seguida não lembrar do que falei, seria efeito natural de uma incorporação não consciente ou apenas, uma auto proteção não menos natural do consciente, receoso da inconveniência a que se permitiu, atropelando a hipocrisia que predomina nos relacionamentos humanos?

Sei lá...

A única coisa que sei sem qualquer dúvida é que quanto mais vivo, menos sei responder sobre isto ou aquilo em relação a mim e aos demais, que esteja inserido nas ações e reações humanas, impulsionando-me a ir colhendo por todo o tempo, preciosos ensinamentos empíricos que eu e os demais, vão deixando como marcas individuais ou de formação de variados aspectos.

Diz a lenda literária que “Socrates” afirmou em certa ocasião; "Só sei que nada sei"...

Se foi ele ou não, isso é apenas um detalhe, frente a absurda realidade contida numa expressão tão reduzida, afinal, a constatação me é totalmente real e presente em minha vida, até mesmo, quando advém das minhas próprias ações e reações.

Imagine então, as que advém do tudo mais humano. Afinal, a ciência exata humana, deixa de existir em relação as suas emoções e sentimentos.

Como máquina perfeita, ela pode ser desmontado e explicada, mas, quando a atenção se volta ao cérebro, não há mestre em anatomia, psiquiatria ou coisa que o valha, que seja capaz de explica-lo nas suas variantes quanto, absorver e configurar de forma única e exata seu processamento, onde os sentidos são os intransferíveis agentes coadjuvantes com poderosas forças indutoras.

Portanto, nada sei, quando o assunto é a grandiosa composição mental e sensitiva, capaz de poetizar e matar, entre um respirar e outro.

Capaz de manter seu corpo firme ao chão e ao mesmo tempo, com absoluta leveza, voar e voar como um beija-flor.

Apenas por dedução lógica, sinto que a vida é um circulo ininterrupto de vida e se este fenômeno ,pode ser chamado de reencarnação, sim, por que não?

Regina Carvalho-28/10/2023- Itaparica

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