domingo, 8 de outubro de 2023

A VIDA AGONIZA

Quieta, fecho os olhos

Lentamente acalmo a respiração

Posso então, ouvir os sons do sabiá 

Não há brisas e o calor se intensifica

Como querendo aferventar o sangue 

É o clima aborrecido que se altera

Tórrido e esturricado aqui e lá 

gelado e alagado acolá.

Tudo num mesmo continente, 

Tudo, num mesmo espaço

Fazendo doer lugares e o tudo mais com vida

São gritos de socorro cada vez mais audíveis, 

cada vez mais sentidos, cada vez mais mortais

contra uma raça que o destrói, 

ferindo mares e rios, matas e céus,

fazendo da vida brinquedo 

descartável e sem reposição

sufocando a vida com o lixo da indiferença

espalhando o Chorume da inconsequência... 

num mundo que dizem ser de “meu Deus”.

Mas como louvam o senhor dos altares

Sem ver o bendito refletido 

na translucidez das águas dos fartos rios

Na grandeza absoluta dos mares e cachoeiras

Nos perfumes variados das flores, 

Nos sabores inconfundíveis das frutas,

nos abundantes verdes das matas?

Como podem ajoelharem por um Deus, 

Enquanto a vida que é o próprio Deus

agoniza em seguidos espasmos

em contínuo crescente abandono?

 A estupidez humana prolifera.

Disputando terras, já moribundas

Sem qualquer freio que a detenha.

Regina Carvalho- 7/10/2023 - Itaparica



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