Quieta, fecho os olhos
Lentamente acalmo a respiração
Posso então, ouvir os sons do sabiá
Não há brisas e o calor se intensifica
Como querendo aferventar o sangue
É o clima aborrecido que se altera
Tórrido e esturricado aqui e lá
gelado e alagado acolá.
Tudo num mesmo continente,
Tudo, num mesmo espaço
Fazendo doer lugares e o tudo mais com vida
São gritos de socorro cada vez mais audíveis,
cada vez mais sentidos, cada vez mais mortais
contra uma raça que o destrói,
ferindo mares e rios, matas e céus,
fazendo da vida brinquedo
descartável e sem reposição
sufocando a vida com o lixo da indiferença
espalhando o Chorume da inconsequência...
num mundo que dizem ser de “meu Deus”.
Mas como louvam o senhor dos altares
Sem ver o bendito refletido
na translucidez das águas dos fartos rios
Na grandeza absoluta dos mares e cachoeiras
Nos perfumes variados das flores,
Nos sabores inconfundíveis das frutas,
nos abundantes verdes das matas?
Como podem ajoelharem por um Deus,
Enquanto a vida que é o próprio Deus
agoniza em seguidos espasmos
em contínuo crescente abandono?
A estupidez humana prolifera.
Disputando terras, já moribundas
Sem qualquer freio que a detenha.
Regina Carvalho- 7/10/2023 - Itaparica
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