Neste instante em que passo a língua em meus lábios enquanto, escrevo, sinto um resquício do gostinho da ameixa contida no iogurte que saboreei a pouco, pensando inevitavelmente na história de minha vida que inexoravelmente posso sentir a cada instante dos meus aqui e agora, como referência a ser seguida ou evitada, numa espécie de cartilha orientadora, cujas consequências são os balizadores.
Estranho?
Não, apenas consciência que a mente sábia oferece e que, geralmente, tão ocupada me encontro com as coisas do mundo, que desconsidero e aí, lá estou, seguindo o mesmo trajeto outrora percorrido e que, depois, precisei corrigir e algumas vezes lamentar.
Este será o destino dos passionais que optam em pensarem com as emoções amorosas que amam ou odeiam, sem aterem-se ao meio termo, ponto fundamental para se manter o bendito equilíbrio?
Provavelmente...
Penso nas minhas escritas que não são pensadas e muito menos elaboradas, ficando cada uma, como estrela cadente que pousa em minha mente, inspirando-me, alertando-me, enfeitando-me, levando-me a crer que são olhares divinos dirigidos a mim, esteja eu aonde estiver, sem maiores necessidades espaciais para que este bendito olhar pouse em mim.
Será este o problema dos artistas criadores, afinal, tanta luz estrelar, não será capaz de ofuscar a coisa rotineira do apenas existir, vivenciando o tanto mais cotidiano?
Talvez, não sei...
Fecho os olhos, relaxo e tudo que sou capaz de ouvir, são os pássaros lá fora.
Apenas sinto como se eu estivesse sendo inundada por uma cachoeira mansa e constante de paz, cujos ruídos produzidos em mim, soam, tal qual, quando as águas batiam nas pedras no regato de Guapimirim em minha infância.
Penso então, que poetas não deveriam descer jamais dos céus das utopias, comuns e necessários as suas sobrevivências, pisando em terra firme e ressequida, pois, perdem-se descendo as ladeiras do improvável, do inseguro, do muitas vezes, mortal.
Neste instante, rogo aos céus que me envie uma estrela cadente que me alce ao infinito dos céus de mim mesma, afim de me impedir de amar, afinal, poetas não deveriam amar, já que tudo em algum momento se esvai, restando os resquícios à flor da boca da alma que inevitavelmente, não o deixa esquecer o quanto foi bom, enquanto durou...
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