Descendo a escada já posso enxergar toda a luminosidade do sol invadindo a sala e penso que ainda é muito cedo. Os micos e pássaros já orquestram seus sons e a vida, então, se mostra despudorada em toda a sua beleza. Diante deste esplendor que jamais se repete, apenas se aperfeiçoa, penso em nós seres humanos e na nossa incapacidade milenar de utilizar tantos subsídios recebidos, justo para também, de certa forma, copiar a vida, buscando não específicas evoluções, mas um aperfeiçoamento global, onde verdadeiramente pudéssemos nos inserir a ela de forma mais suavizada e, portanto, mais coerente.
Paro diante do espelho que me espera ao pé da escada silencioso a cada amanhecer, e olho para mim mesma, como sempre faço, buscando resgatar a preciosa ingenuidade, há muito perdida, na esperança de fazer brotar em mim, mais que desejos, mas a sensação bendita de me ver mais humanizada, mais generosa frente aos absurdos com os quais convivo, não julgando, não querendo mais entender, apenas aceitando o imponderável, o hipócrita, o devastador. Covardia, desistência, incapacidade de fazer mudar, talvez um pouco de cada, mas também a certeza absoluta de que nada mudarei além de mim.
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