segunda-feira, 20 de novembro de 2023

TRASBORDO PARA SOBREVIVER

Ouvindo o fantástico guitarrista Carlos Santana as 5.57h, desta segunda-feira que já amanheceu quente e abafada, busco tenazmente, trazer à tona algo que minha mente já definiu, mas a minha consciência viciada nas conveniências, bloqueia insistentemente.

Difícil nesta vida é exercer a bendita liberdade de ser e de sentir, de ter e de querer, no dar e no receber...

Há muito deixei de seguir as regras sistêmicas humanas para tão somente, ouvir as vibrações cósmicas, intuindo-me a deixar as minhas naturalidades desabrocharem suavemente, formando-se assim, margens companheiras que mantém meu curso, mesmo quando, sinuoso, volumoso e revolto, pelas inerentes vertentes que em mim desaguam suas águas afoitas e algumas vezes contaminadas, eu transborde.


Difícil tarefa é filtrar os dejetos que em mim despejam...

Mais difícil ainda é conter minhas águas sofridas, afim de que não vasem aborrecidas em outros, mas nem sempre sou capaz de evitar...

E quando transbordo, sinto um misto de dor e angustia, necessidade e culpa, já que disponho das preciosas margens, guias constantes da minha fluidez.

No momento em que me deixo vasar, perco a minha liberdade e me torno igual ao tudo mais que aprisiona, amargura e remove o brilho.

Fácil identificar os tropeços, difícil mesmo é evita-los, quando se está sozinho numa longo trajeto, tendo como adendos constantes,  agressivos afluentes desaguando displicentes nas águas volumosas e translucidas da minha espiritualidade.

Não existe blindagem que não se rompa

Não existe sol que não se nuble

Não existem águas que não se contaminem...

Nada é seguramente, definitivo.

Mas há de existir sempre uma chuva que a tudo irrigue

Uma brisa amorosa que arrepie

Um aroma gostoso que inebrie.

Benditos guias que margeiam o meu rio

Deixando vasar as culpas e os dejetos, resguardando a minha liberdade de apenas, seguir o meu curso...

Nada fácil, as vezes, bem difícil...

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