Hoje, mais próximo do destino final, sentada confortavelmente na poltrona deste avião da vida, olho pela janela das recordações, a paisagem se unifica, perdendo os preciosos detalhes, aqueles que foram magníficos, ora dolorosos, ora gratificantes, ora cansativos, ora tão prazerosamente rápidos, mas todos, simplesmente inesquecíveis e aí, como uma eterna detalhista, aperto os olhos e os abro inúmeras vezes, afim de clareá-los, na esperança de rever nem que por instantes, a minha felicidade, sentida nos exatos instantes que que os vivenciei.
Afinal, assim são os grandes e inesquecíveis instantes de profundo regozijo existencial, aqueles fantásticos motivadores, que nos são determinantes a um tudo mais que vem atrelados a eles e que, nos acompanham vida afora.
Um apenas olhar, um arrepio, um gosto especial, um inesperado querer sem uma lógica que o justifique.
De repente, nos damos conta que os mesmos se perderam ao longo da viagem em meio as nuances das circunstâncias que implacáveis se sucederam sem tréguas, como as nuvens que neste instante, o avião corta implacável, apagando até mesmo a visão geral que silenciosa, eu apreciava, tentando personalizar.
Encosto a cabeça no espaldar da poltrona, fecho os olhos e me percebo serena, lembrando dos pássaros, companheiros constantes que se ciscavam do alpiste que eu os oferecia, encantavam-me com seus cantos e graciosidades, numa troca bendita de vida e liberdade e aí, deixo escapar um sorriso gostoso pela longa viagem, que mesmo estando próxima do destino final, não dá sinais de perder o brilho e tão pouco, dispersa os pássaros...
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