Dando continuidade ao meu texto da madrugada, penso na vida no dia dos mortos e inevitavelmente, ao ouvir Quizás, Quizás, Quizás, lembro de tia Hilda e de um de seus preciosos ensinamentos, enquanto, passeava comigo entre as vegetações exuberantes de Guapimirim em que ela me fazia cheirar as folhas e os frutos, querendo que eu aprendesse a identifica-los, no entanto, mais do isso, ela me pedia para eu ir falando se o mesmo me agradava ou não e assim, fui aprendendo naturalmente a identificar e selecionar os aromas que mais me agradavam, desenvolvendo uma ética pessoal de relacionamento comigo.
Em seguida, ela separava os frutos que eu havia identificado como agradáveis e me fazia prova-los, afim de confirmar ou não minhas preferências.
Incrível experiência que me direcionou a jamais aprovar fosse lá o que fosse, apenas pela inicial apresentação, já que poderiam não corresponder as minhas necessidades, quando provados na totalidade do meu paladar, o que na pratica, deveria ser também levado como ensinamento às convivências, fossem humanas ou não.
Por exemplo, acho lindos os gatinhos, adoro alisá-los, mas jamais os teria no meu convívio, pois, não me transmitem segurança a uma fiel parceria.
Tratando-se especificamente da convivência, ela me fez desenvolver a sensibilidade em evitar as deduções precipitadas e o “talvez”, que tantos enganos e perdas, poderiam trazer a minha vida, como o trouxeram em todas as ocasiões em que como uma entusiasmada, atropelei os sinais que por mim, foram sempre muito expressivos.
Penso e chego a visualizar um belo e maduro Caju, cuja beleza e aroma me fascinam, mas cujo gosto, me faz enjoar, inclusive, travando minha garganta, numa total incompatibilidade.
Que coisa, hein!!!
“Bendita natureza que quando bem observada, se torna uma mestra inigualavelmente precisa nos seus ensinamentos”.
Regina Carvalho 3/11/2023- Itaparica
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