domingo, 19 de novembro de 2023

“BALANGANDÃS E NADA MAIS”...

Contrariando a maioria, para mim, os finais de ano, sempre me foram melancólicos, mesmo com todos os esforços e entusiasmos das mulheres de minha família, levando-me a confessar meio envergonhada que não vejo o menor sentido, mas isso não vem ao caso, já que na adolescência, quando comecei a observar melhor os movimentos humanos, instigada pelo meu realista pai, deixei de ver sentido na maioria das comemorações de cunho comercial. 

Até nisso, meu marido combinava comigo. Formávamos um casalzinho muito chato, aos olhos alheios, isso sim...

Acabamos passando essa lógica mercadológica para os nossos filhos e aí, eles até participam, assim como nós, inúmeras vezes participamos, mas sem nenhum real envolvimento emocional.


E aí, pensando nisso, vou do pau ao cacete, hábito mental que tenho ao longo de minha vida, tentando mudar, frear, corrigir e tudo para que a minha mente, ande mais devagar, se exprima mais objetivamente, já que eu me entendo, viajo e navego nos mares disto ou daquilo, mas a grande maioria, infelizmente, não acompanha, levando-me a questionar o que de tão complicado expressei para soar nos ouvidos e mentes alheias, como se expressada numa língua estranha? 

Diversas vezes escrevi a respeito, portanto, derreto-me inteirinha quando reconheço alguém que verdadeiramente compreende meus textos e as intenções contidas neles.

Sinto um indescritível orgasmo mental, quando meus argumentos sobre qualquer assunto, fazem sentido na mente de outra pessoa.

E se escrevendo já não sou devidamente entendida, imaginem quando falo, reconhecendo que a pressa me domina e vou falando e abreviando e ao mesmo tempo, compondo uma narrativa de meu rio pessoal de informações, abastecido de muitos afluentes, desaguando incessantemente...

“Coisa de louco” é em meio a tudo isso, ainda precisar observar, analisar e concluir dolorosamente, que quase nada atingiu os devidos propósitos, mas que eu preciso me manter serena, pois, esperam de mim, geralmente, tudo quanto, já assimilei e verdadeiramente, não quero e não aceito.

Terríveis foram os preços que precisei pagar e, certamente pagarei até o fim de meus dias, por não compartilhar das normas comuns de convivência, onde a regra básica que a compõe é exatamente, violar-me por todo o tempo, para ser aceita e fazer “sucesso”, seja lá, no que for.

Penso então, que não me dei, assim, tão mal, afinal, tenho resistido e muito, sem perder os sorrisos e a constante alegria de viver em meio as infinitas porradas, levando-me a concluir que “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, abrindo assim, continuas passagens para o meu tenaz senso de lealdade à senhora “Liberdade” de ser e de pensar que comigo caminha, dia e noite, sem desanimar...

E aí, sinto que reside o meu sucesso, já que para mim, ser livre é o grau máximo de qualquer conquista, ficando todo o restante, como “balangandãs de ouro ou de lata”, que apenas enfeitam e nada mais...

Bom dia!!!

Regina Carvalho-18/11/2023- Itaparica

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