E aí, sozinha depois de apreciar o nascer de um novo dia e como sempre ouvindo músicas pra lá de especiais, justo pelas magnificas composições e interpretações, fico pensando como esperar que o verdadeiro artista, aquele que antes de buscar fama e riqueza, busca o aperfeiçoamento, pense como um ser humano comum?
Tento imaginar como enxergam o mundo, como suportam por todo o tempo a insistência em enquadrá-los nas caixinhas das conveniências hipócritas sociais que para eles, certamente sem qualquer sentido que se coadune com seus mundos que estão além do lugar comum.
Impossível, até porque, ninguém se torna um mestre da música, da pintura da escrita, seja no cria-la, seja no interpretá-la, sem que sejam necessários mergulhos profundos nos próprios conscientes, buscando o inédito que por lá estejam bem escondidinhos, tão somente esperando, o toque do mestre para transcender, além do óbvio comum.
Não entendo nada das técnicas musicais e muito menos do toque de midas dos excepcionais artistas, musicistas e instrumentistas, mal e mal, entendo das escritas filosoficamente poéticas, mas tento mensurar o grau absurdo que dispensam em tolerância e humildade para se postarem inseridos num mundo de sociedades tão alienadas e distorcidas, em relação ao belo que transcende ao óbvio sem dele, sair.
Compreendem?
Tudo é óbvio e visto, mas raros são os que enxergam, dando movimentos sonoros e vibracionais que os colocam em patamares lúdicos, transformando e nos fazendo crer, tratar-se de uma realidade possível e fascinante.
De certa forma, também é assim que os poetas modulam as formas dos óbvios que os cercam, colorindo, perfumando, saborizando, polindo e até, aparando ou acrescentando à realidade, o ideal, num querer adivinhar o que o outro desejaria enxergar e vivenciar.
Mas se este é o desejo, por que, não colaboram com as suas individualidades para que o seja, menos agressivo, mais colorido, menos sofrido?
Sou uma sonhadora, idealista ou louca?
O que ou a quem importa se enxergo todas as possibilidades de o mundo vir a ser, bem mais harmonioso se o ser humano, não fosse tão absurdamente estúpido...
E aí, se também individualmente se veem impotentes para alterarem as modulações de si mesmos, como ousar querer entender a alma e a mente de um virtuose artista que alcançou um elevadíssimo nível de entendimento e competência técnica no desempenho ou na realização de sua própria arte?
Quem é mais lúdico, o artista que transcende ou a arrogante presunção que nos estrutura, por acharmos que somos capazes de tudo, quando não possuímos conhecimentos de quase nada?
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