12/01/2023
Amanheci pensando na infância que me foi proporcionada e enquanto, aguava as plantas que minha amiga Rosimeire, carinhosamente plantou no meu jardim, fui observando uma a uma e me deixando voltar aos tempos da infância e então, surpreendi-me com a rapidez da memória em deixar aflorar momentos que marcaram de forma indelével a minha vida, tanto no estímulo ao melhor de minha essência, quanto para fazer desabrochar ansiedades, medos e rejeições.
Neste instante em que ao som de Chopin, tento descrever os meus sentimentos em relação a minha infância e seus efeitos, como filha e depois, mãe, reconhecendo com nitidez os muitos erros, induzidos por razões sistêmicas, cópias educacionais sociais, culturais, manuais sem qualquer maior credenciamento, ficando para cada um, a responsabilidade quanto a aplicação de regras educacionais de direcionamento para a formação postural e psíquica de seres humanos.
Penso que de umas décadas para cá, com a ampliação das comunicações entre pessoas, cidades e mundo, muitas são as informações, modelos mil são apresentados como o ideal, abrindo um leque de opções, todavia, no meu tempo de criança e mesmo, quando da educação de meus filhos, contava mesmo era com a minha sensibilidade e amor.
E então; Jesus!!! Quantas distorções foram cometidas...
Repeti lições que haviam sido dadas a mim na infância e me esqueci muitas vezes de atualizá-las, afinal, valores éticos e morais são imutáveis nas suas essências, mas a forma em vivenciá-las, assim como conviver com a falta dessas qualificações nos demais, precisa ser azeitada para não parecer grosseiramente emperradas.
Nada numa vida pode ser definitiva e imutável, penso nisso, sempre que me deparo com o contrário e principalmente o diferente que, afinal, estiveram sempre ao meu lado. Talvez, por esta razão, eu seja mais paciente e tolerante que a maioria, despertando, inclusive, espanto nos demais.
Como você aguenta, Regina?
Confesso que não foi ou é fácil, livrar-me das lições duras e arcaicas, que me foram incutidas em nome do amor, assim, como posso imaginar o quanto deva também ser difícil para os meus filhos, a tarefa de viver neste sistema cobrador e traiçoeiro e ainda ter que ir limpando de suas mentes, hábitos e conceitos dos séculos 19 e 20 que amorosamente, repassei para eles.
Enquanto, pensava e aguava as plantas, ainda sem a presença do sol, percebia os pássaros me serpenteando, num companheirismo incrivelmente gratificante, levando-me a pensar que ainda bem que pássaros e pessoas se assim desejarem, podem conviver no mesmo espaço, cada qual, ciscando seus próprios alimentos para o físico ou emocional, sem que um fira o outro com as suas diferenças.
Bom dia meus amores e que consigamos nos transformar em margens benditas para nossas crianças, evitando doar a elas, tudo quanto, faz doer os nossos corações e mentes, ajudando-as a abrirem espaços de vida e liberdade, conscientes dos limites entre elas e o tudo mais, sempre norteadas pelo amor.
Esse texto dedico a minha filha Anna Paula que desde que nasceu, com seu jeito rebelde e indomavelmente livre, revolucionou os meus velhos e corroídos conceitos, e com certeza, foi responsável em grande parte, pela liberação dos muitos grilhões que me mantinham ainda refém.
A ti minha linda e talentosa filha, a minha contínua gratidão. Você sem dúvidas, veio a este mundo para reforçar a minha natural liberdade de ser e de pensar.
TE AMO
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