O sábado clareou juntinho com a algazarra do sabiá, enquanto, pacientemente eu buscava poemas e mensagens para você que me lê e para mim também, afinal, gosto de alimentar meus neurônios, tanto quanto ao meu corpo.
E por falar em corpo, foi nele que pensei ao acordar, portanto, esta é a razão de nele me fixar, lembrando a mim mesma, do quanto dele necessito, como hospedeiro deste meu cérebro prolífero, destes meus sentidos inquietos.
Também o enxergo como melhor amigo, sócio parceiro de cada instante, dividindo comigo os gozos e as dores de infinitas aventuras.
Penso então, que sou uma ingrata, usando e abusando de sua força e resiliência, sem ao menos dedicar a ele, maior atenção, afinal, já comi de tudo, que muitas vezes o fez mal, bebi em poucas ocasiões, mas quando o fiz, sequer pensei nas suas reações, mas foi com o cigarro que quase o matei.
Dou uma pausa nas escritas e me olho no espelho e o que vejo é um corpo vivido, resistente, nem sempre bem tratado, com certeza, muitas vezes esquecido, quase sempre, apenas lembrado nas provas de velhas ou novas roupas e insistentemente xingado por estar sempre muito ou pouco alterado, jogando sobre ele, todas as culpas dos meus constantes exageros e ainda assim, resistente e profundamente paciente se esforça em se tornar uma permanente sanfona, numa engorda e num emagrece, sem fim...
Volto a escrever envergonhada do tanto que sempre fui ingrata em desconsiderar na maior parte do tempo, o meu único e fiel companheiro, que jamais recusou ser abraçado por esta mente leviana, por esta alma viajante, fazendo dele meu capacho, meu manequim, meu escudo...
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