segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

NADA É POR ACASO

Nesta manhã, repleta de pássaros com suas cantorias especiais anunciando um novo dia, fui até a varanda a fim de apreciar in loco todo o espetáculo. Quando, então, fui surpreendida pelo canto poderoso de uma cigarra, anunciando que o verão está chegando, o que me fez sorrir.

Tentei localizá-la, mesmo sabendo ser impossível neste pedaço de mundo repleto de densa vegetação.

De repente, minha mente sussurrou aos meus ouvidos:

"Não cai uma folha de uma árvore se não for da vontade de Deus."



Terá sido o canto de bom-dia da cigarra bem mais do que a anunciação do verão que se aproxima?

Ainda envolta no despertar de um novo dia, sendo agraciada com infinitas belezas, recordo que foi exatamente essa frase que me fez duvidar desse Deus dogmático ainda na adolescência, pois sempre me pareceu incoerente e injusto quanto aos seus critérios avaliativos no uso individual do livre-arbítrio e, consequentemente, na distribuição de suas bênçãos.

No passado, busquei diretamente na Bíblia, mas não encontrei nenhum conceito que sustentasse tal soberania divina. Um amigo, porém, afirmou certa ocasião que a frase constava no Alcorão.

Na época, confiei e não conferi. Há pouco tempo, contudo, o fiz, encontrando a seguinte narrativa: a Surata 6, versículo 59 (Al-An'am 59), fala sobre o conhecimento absoluto de Deus, afirmando que Ele possui as chaves do invisível, sabe tudo o que está na terra e no mar, estando tudo registrado no Livro Manifesto (o Livro do Destino). Ele é o Provedor e Conhecedor de todas as coisas, o Onisciente, cujo saber abrange tanto o mundo físico quanto o oculto, um lembrete de Seu poder e soberania divina.

Como devota da vida e de suas grandezas, continuo firme crendo em Sua existência, já que o vejo e sinto por todo o tempo em tudo, todavia, sigo questionando seus critérios avaliativos. Contudo, como curiosa observadora, já carregando uma bagagem rica em experiências pessoais, acrescento um adendo: creio que perdas, dores e sofrimentos possam ser formas de expiação e aperfeiçoamento, não como punição, mas como aprendizado, a fim de que se tenha a oportunidade de evoluir, seja diretamente, seja através de outro a quem se dedique profundo amor.

Afinal, creio que somente o  amor, através da consciência individual, esta sim, a maior criação do divino, em sua ilimitada abrangência, seja capaz de lapidar a criatura humana, dando-lhe uma forma que mais se assemelhe à do seu Criador.

Regina Carvalho

15.12.2025 – Pedras Grandes / SC


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