domingo, 7 de maio de 2023

PALHETA DE CORES

Nesta manhã de um domingo que acordou chuvoso o que é quase um atentado ao bom senso, num paraíso como Itaparica de mar de águas mornas para nos banhar e de um céu sempre pronto a nos aquecer a pele e a alma.

Mas Dona Regina e a lama, o não recolhimento do lixo, do ainda esgoto a céu aberto, das corrupções, sem esquecer da fome e da miséria de todos os níveis, assim como a corrupção latente e os superfaturamentos de que a senhora tanto se lamentou nas últimas décadas, Já não existem mais?

Não, inclusive estão mais presentes do que nunca, impunimente atuantes, mas para que vou borrar minha visão com o feio e degradante que nada poderá acrescentar na minha vida e na daqueles que me leem?

Mas isto não é fugir da realidade, tampando o sol das improbidades com a peneira de um filosófico discurso, disfarce do “não estou nem aí”?


Pode até parecer aos poucos poetas que a cegueira existencial tratou de contaminar, mas não a mim que apesar de míope, sou capaz de deixá-los em seus devidos lugares próprios ao lixo e focar na maior parte do tempo, nas delícias que sou capaz de enxergar e sentir, afinal, com as belezas impulsiono-me a sorrir e ser feliz, podendo me alimentar do muito de agregador e belo que existe e aí, pelo menos a mim esse lixo, jamais contaminará e tão pouco, me impedirá de  sentir que sou a criatura mais venturosa deste mundo.

E isso lhe basta?

Claro que sim, basta olhar para mim para comprovar o quanto rejuvenesço a cada ano, já que entendi que de nada me adiantaria, ficar batendo em ferro frio se o martelo não está em minhas mãos e o fogo dos ideais parece ter se apagado. 

Então, permaneço com a minha forja e meu fogo pessoal caminhando e moldando o senso de pertencimento, tentando mostrar o belo que não se pode deixar acabar nas mãos da improbidade.

A luz da conscientização, é o único recurso que disponho para oferecer na minha caminhada neste paraíso bendito que abusadamente, chamo de meu...

Quem sabe, dá certo...

Afinal, tenho todo o tempo do mundo e quando este se acabar, outros virão com a mesma palheta de cores para darem continuidade a caminhada de resistência ao feio e ao impróprio.

Afinal, se ainda com a palheta das cores do amor e da justiça não vencemos, também não perdemos ao longo da história, pois, não faltaram em nenhum instante, os artistas universais.

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