De repente, em algum momento de meu passado lá na Serra da Piedade nas Minas gerais, entre a exuberante vegetação praticamente intacta do “sítio dos sonhos” onde as maritacas faziam morada, comecei a reencontrar a menina Regina que estava adormecida em mim.
Sozinha da presença de gente, mas cercada das vidas animadas da própria natureza, senti-me absolutamente à vontade para travar um interminável diálogo comigo, onde a minha voz não era medida pelo volume ou tom, apenas, ouvida pela minha alma, até então, solitária, meio que esquecida nos recôncavos de meu consciente.
Foi bom, se bem que em muitos momentos muito sofrido, já que a Regininha no afã de seguir as vontades e atrações sistêmicas, foi escondendo, muitas vezes, profundamente, a originalidade do seu apenas, existir.
Trinta anos depois, cá estou em outras cercanias, mais autentica, mais leve, mais Regina, já podendo ouvir os pássaros com mais nitidez e compreendendo o quanto pode ser difícil para muitos, despirem-se dos hábitos e dos costumes adquiridos ao longo da jornada, mesmo que os mesmos, estejam curvando e apagando a pureza da originalidade que mesmo sufocada, insiste em vir à tona.
Penso então, que não há um estalar de dedos que numa magia, seja capaz de tamanha transformação, mas por experiência, posso garantir que neste caso em especial, a persistência da vontade é determinante para que cada passo diferenciado, seja o traçado de um novo e revigorante trajeto, tendo como base o já vivenciado como parâmetro avaliativo, afim de evita-se uma possível repetitividade.
Afinal, só o passado tem conteúdos empíricos para nortear a avaliação do aqui e agora.
Se tudo a nossa volta se transforma e evolui, porque haveremos de estancar atavicamente, justo, na nossa evolução?
Às vezes, o que deixamos de fazer, lá atrás, é tudo quanto, precisamos, finalmente, fazer no hoje de nossas vidas.
Afinal, o que poderemos perder de mais valioso que a nossa liberdade de ser e de viver a nossa mais real e única vida?
Pense nisso, enquanto justifica sua inércia em nada verdadeiramente fazer por si, nas coisas e nos demais que, se te amarem profundamente, só desejarão ver-te feliz...
Nenhum comentário:
Postar um comentário