sábado, 27 de maio de 2023

A CONTA CHEGOU...

Durante toda esta semana, pelo menos aqui na Bahia, onde me foi possível observar, mas ciente de que é um problema nacional, o feminicídio foi a manchete principal e em seguida, execuções sumárias, numa barbárie expressiva e assustadora e aí, leio e ouço nos noticiários uma infinidade de possíveis soluções para conter tanto massacre, mas em nenhum momento, constatei uma análise mais ampla que abordasse a conjuntura que norteia os relacionamentos de qualquer natureza, seja amorosa, política, jurídica, econômica e social.

A toada é a mesma, só se diferenciando quanto ao grau da intelectualidade ou fama dos envolvidos, como se a culpa deste terror, fosse apenas do Machismo estruturado, do preconceito de todos os níveis e das leis e atualmente, do governo passado...


E aí, penso novamente nas concessões, nos excessos, nos devaneios, nas inconsequências, na ruptura hierárquica da família e das escolas, das autoridades, na desmedida liberdade, onde tudo é permitido, num atropelamento gigantesco dos sentimentos e valores, nas induções musicais e visuais artísticas, na destruição da infância, na adulteração das adolescências, na destruição das hierarquias necessárias a manutenção da ordem e da disciplina, da perda do senso de pertencimento de si e do tudo mais no qual, se está inserido e finalmente, na perda da observância da realidade, numa banalização assustadora do valor da vida.

E aí, não faltarão argumentos também repetitivos, garantindo que sempre foi assim, e que, agora assusta, porque, antes não existia a comunicação para mostrar, não esquecendo o fato do aumento populacional.

Esses argumentos são reais, mas ainda assim, para quem tem uma jornada mais longa, há de observar a terrível mudança que mais que evolução social, tem sido um atropelo generalizado ou seja; um panorama desta dimensão em horrores sociais, não pode ser resumido em um ou dois fatores determinantes à sua existência.

A análise precisa ser mais ampla, levando em consideração os atropelos morais e éticos em todas as esferas comportamentais, sem o esquecimento irresponsável das reações psicológicas com reflexos intempestivos em sentimentos e emoções. e que careciam de adaptações evolutivas amparadas em suportes educacionais, sociais, governamentais e jurídicos.

Afina, somos cidadãos de um país colonizado por um misto de ingestões arcaico religiosas que violentaram hábitos e tradições culturais do povo nativo e de uma escória moral e educacional europeia que trouxe indiscriminadamente durante mais de três séculos seguidos, não só seus hábitos, como uma legião de seres dolorosamente arrancados de seus habitares naturais, oriundos de culturas diversificadas e marginalizados pela dor da escravização.

 A acomodação e arrogância de uma casta privilegiada, associada a uma subserviência doentia e esmagadora, fortaleceram a falta da observância de um polimento social e educacional, afinal, poucos, mas admiráveis pensadores, foram capazes de mensurar que esta conta um dia iria chegar e chegou e ainda assim, na crueza dos raciocínios vaidosos e rasos, preguiçosos ou repletos de mágoas, tudo se transforma em quereres ao preço do medo, do desconforto, da imposição amparada em leis frágeis e inoperantes, pois, carecem de amparos aplicativos, da falta do entendimento do que seja liberdade  e infelizmente, no desprezo da vida humana, no seu valor existencial e do tudo mais.

Somos o celeiro do mundo, temos todas as água do mundo, todas as florestas do mundo, quase todas as riquezas naturais do mundo, grandes cérebros que expulsamos para o restante do mundo, por não oferecermos suportes aos seus inventos e pesquisas, assim, como somos o berço esplêndido da ignorância gananciosa e vaidosamente burra do mundo... 

Afinal, matando ou não valorizando as nossas riquezas éticas, intelectuais e naturais, morremos todos a cada instante, um pouco também...

Simples assim.

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