segunda-feira, 18 de julho de 2022

Sufocando com a liberdade

Estou aqui nesta tarde de chuva intermitente, pensando na criatura humana e no complexo emocional que reside em si e nas tantas quantas formas que cada uma se utiliza, afim de superar-se a cada instante, num morre e revive desesperado, mesmo que na maioria das vezes, tudo seja disfarçado com sorrisos ou com uma espetacular e desenvolta dedicação a qualquer atividade, com o intuito de tão somente, ir levando a vida a tiracolo, sem de verdade sentí-la na sua mais poderosa e envolvente expressão.


E aí, como mergulhadora contumaz deste mar de emoções, muitas vezes de águas turvas, pois destemida, arrisco-me sempre mais fundo, na ânsia curiosa de mais e mais compreender os fundamentos do apenas existir, buscando o mais original das essências de mim mesma.

E ao mesmo tempo, incansável ao emergir, busco descanso inspirador e porque não, coragem para o próximo mergulho, justo indo no sentido contrário, porque, somente voando posso melhor enxergar-me, nas minhas ainda enormes distorções empíricas, principalmente na arrogância em crer que serei capaz de chegar a plena liberdade existencial, tão leve quanto, as plumas asas de uma só de minhas borboletas.

As vezes, meu entusiasmo é tão infinito que voo tão alto sem limites de altura que sufoco, gerando em mim, as ansiedades conflitantes que havia deixado nos mergulhos já dados, num resgate tolo, numa sofreguidão mal calculada da bendita liberdade.

Penso então, que preciso ter consciência e responsabilidade quanto aos meus voos para não extrapolar os meus e os limites alheios, afinal, existem regras que não posso prescindir para tanto nos meus mergulhos, quanto nos meus voo, jamais deixando de levar comigo o senso do equilíbrio, a força da razão de meus propósitos e o profundo amor pela minha vida, recursos que não me deixam esquecer que sempre estarei limitada pela culpa, até mesmo por estar feliz e grata com a liberdade já conquistada.

“Este texto ofereço carinhosamente ao meu amigo poeta Nasser Queiroga que encantado com um pedacinho de texto que lhe enviei, pediu-me que o transformasse numa reflexão”.

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