Sempre me gabei de que Deus era meu chapa e estava comigo por todo o tempo, sequer percebendo que era eu que não largava da barra de seu manto, fosse ele qual fosse, afinal, Deus poderia ser tudo quanto o representasse, a começar pelo amor a sua vasta e diversificada criação.
E aí, comungando desta ideia comigo, Roberto não podia ler determinadas afirmativas nos para-brisas traseiros dos carros, como por exemplo; Deus é fiel...
E ele dizia: Veja que bobagem... Por que Deus não seria fiel?
Deus é Deus, senhor de todo o universo e no que nele existe, portanto, somos nós é que devemos ser gratos e fiéis ao tudo de bom que nos oferece.
Mas aí, o bichinho carpinteiro, sussurra em meus ouvidos: Sim, tudo bem, mas porque estas benécias não atingem a todos e ao tudo mais, evitando o caos, a fome e uma infinidade de desgraças terrenas?
Penso então, que se percorrer este caminho, desisto de imediato da crença de um Deus absoluto, todavia, como esquecer que sou uma ciência exata e assim como eu, todo o restante das suas criações?
Seremos todos em nossas origens, ações do acaso cósmico?
E assim somos nós, nas mais diversas incongruências, desarmoniosamente instaladas nas nossas compreensões seja lá do que for?
Olho para a perfeição detalhista de uma só flor ou de uma só criatura humana e aí, tudo fica reduzido a um só Deus, escultor, alquimista, senhor das cores e das texturas, criador dos sentidos que autônomos na própria criação das emoções, fornecem subsídios a um cérebro genial na sua complexa formatação que, por sua vez em cadeia absolutamente pessoal, faz brotar os sentimentos, razões que estimulam ações e consequentes reações que popularmente chamamos de livre arbítrio que os seres se utilizam como forma de sobrevivência, cabendo a todo e qualquer ser vivo a opção quanto a sua utilização.
Somos fiéis ou esperamos como seres preguiçosos que ele ainda nos seja absolutamente fiel, nas nossas arbitrariedades pessoais e sociais, quanto as nossas escolhas?
Ainda somos abusados em a ele pedirmos milagres como um carro novo, um emprego ou qualquer item absolutamente leviano, como se Deus, fosse um serviçal imediato de nossos desejos e necessidades sistêmicas, quando mais lógico seria tê-lo em nós, como um parceiro condutor de nossa própria lógica existencial em tão somente, saber conduzir nossas preciosas vidas, numa fidelidade constante em forma de gratidão, prestando atenção aos sinais e as ofertas que nos são oferecidas pelas vibrações de nossas próprias afinidades.
Neste instante, paro de digitar e olho para as minhas mãos e penso no quanto sempre foram lindas e úteis e no quanto, Deus nelas está inserido...
O sol resplandece lá fora e posso vê-lo, assim como posso ouvir o meu “chopin” em cada amanhecer...
Deduzo então, que fidelidade é como sempre pensei, uma via de mão dupla que começa em nós, numa convivência harmoniosa com o Deus que está em tudo lá fora, até mesmo no que não sou capaz de enxergar, mas acima de tudo está em mim, numa fidelidade gostosa e aconchegante, jamais deixando-me solitária, perdida ou simplesmente solta, sem direção.
Viajei nas minhas ilações nesta quarta-feira, não é mesmo, meus amores?
Um bom dia para todos, pautado na gratidão de estarmos existindo...
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