sábado, 9 de julho de 2022

CAMINHOS E PRÁTICAS

São cinco e trinta da manhã e tudo lá fora está escurinho e um pouco fresco, mas nada comparável a outros locais deste nosso Brasil varonil, onde cada região poderia ser um país, totalmente particular nos sotaques, dialetos, gastronomia, culturas e clima.


Isso é riqueza imaterial que não nos é ensinado nas escolas com ênfase, afim de que, pudéssemos compreender a potencialidade que dispomos sob nossos pés, assim, como não nos incentivam quanto o conhecimento mais amplo do espaço que ocupamos enquanto, estado e município, ficando nossos conhecimentos, restritos a retalhos históricos de épocas passadas, sem que haja incentivo quanto ao despertamento do bendito senso de pertencimento.

Há alguns dias, fiz comentários sobre a educação formal e até minha filha, professora que é, mas altamente discreta, já fruto de uma época onde o politicamente correto prevalece, fez um “ai ai”, no comentário dela, o que me levou no privado a questioná-la, quanto ao sentido que me pareceu dúbio, já que não estou em sala de aula e jamais convivi in loco, no ambiente educacional.

Todavia, eu nada seria se não tivesse desenvolvido e burilado, minha paixão a respeito do sistema educacional, assim como, não é preciso estar inserido para perceber o atraso em que nos encontramos.

O mundo mudou, as perspectivas dos jovens mudaram, os valores se alteraram, mas a forma de ensinar, permanece estática, mesmo tendo a cada ano, sendo lançado no mercado produtivo educacional pelas universidades, milhares de doutores e mestres e aí, na curiosidade de uma apenas observadora, me pergunto por que não ousam mais, levando nossos jovens a uma interatividade mais consistente, direcionando-os a interagirem na escola, estimulando-os a aprenderem na pratica sobre convivência com ênfase quanto à respeitosa aceitação do diferente, não com refrões midiáticos, mas com o exercício da pratica em sala de aula, no convívio do recreio, na degustação da merenda e principalmente, com um gerenciamento personalizado.

Numa única sala de aula de qualquer escola, mesmo que esta, abrigue professores, funcionários e alunos da mesma comunidade e consequente cidade, cada criança, traz a sua própria formação doméstica que é herdada e transferida através das gerações e, portanto, conciliar estas diferenças, tem sido uma inconsciente e silenciosa luta de adaptação de valores e hábitos, levando o ensino a uma padronização inquietante que, acima de tudo, não estimula o raciocínio, transformando um reduto que deveria ser de descobertas, diálogos e amplitude de visões, numa apenas chata e sem graça rotina que em nada entusiasma nossas crianças, quanto mais adolescentes.

A formação das carteiras em salas de aula, já é o primeiro passo para o estímulo a negação e separatismo, uma vez que cada aluno, fica literalmente de costas para o outro, enquanto o professor, permanece a frente, isolado como um determinante e não como um participante ativo e estimulador da interatividade agregativa.

Outro aspecto pouco explorado é a inserção dos esportes e das artes, não apenas como um apêndice como tem sido, mas como uma ferramenta valiosa de aprendizado geral, onde acima de tudo, pratica-se a convivência, valorizando-se espaço e tempo, além da valorização das atuações individuais, passando a serem absolutamente relevantes e respeitadas, quanto a importância do sentido de grupo.

Penso então, que a violência é uma chaga que precisa ser não combatida, mas evitada e que a escola é o único caminho capaz de contê-la, afinal, cada aluno é um tentáculo de um enorme polvo que na maior parte do tempo, nada em mares revoltos, precisando ser devidamente preparado para nadarem na mesma direção, onde o equilíbrio, a razão e o amor sejam os condutores da lógica de uma convivência mais harmoniosa e produtiva, com toques e retoques de humanização.

Cada aluno é também uma preciosa célula agenciadora de mudanças no próprio seio de sua família.

Sonho? 

Ludicidade? 

Pode até ser, mas o que teria sido da humanidade sem os sonhadores que pensam por todo o tempo, sobre os caminhos e as práticas?

Bom dia, esperando que este sábado lhes sejam de sorrisos e paz.

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