quinta-feira, 21 de julho de 2022

SINFONIA

Novamente desperto antes mesmo da chegada dos passarinhos e sequer tenho internet para que eu possa ouvir música, pelo menos, não chove e também não faz frio, talvez um arrepiozinho aqui outro acolá, mas nada que chame muita atenção.

O silêncio pode ser brutal para algumas pessoas, mas não para mim que adoro ouvir seus sons orquestrais que aos ouvidos não acostumados, podem ser ensurdecedores.


Os grilos são extremamente barulhentos e desordenados como se estivessem todos muito desorientados, disputando espaço neste meu jardim, nem tão pequeno assim.

Fecho os olhos e penso no quanto, fui aprendendo sobre mim mesma, apenas quieta, ouvindo o meu aparente silêncio que a vida oferece. 

Houveram momentos que em que como os grilos, meu interior desordenado, refletia-se como uma dolorosa inquietude na elaboração dos meus quereres, confundindo minhas emoções, transgredindo-se em minhas ações, arrebanhando para o meu todo de criatura humana, tão somente, insatisfação.

Mas há muito, meus ouvidos voltaram ao aprendizado aguçado e sutilmente sensível ao reconhecimento dos acordes necessários para que cada instrumento existente em mim, se harmonize com os demais, transformando os meus cânticos internos em suaves partituras, onde cada som emitido, tem tudo em consonância com o meu todo de pessoa humana.

E aí, em cada dia de minha existência, percebo que tem sido mais harmoniosa a compatibilidade entre os meus sons interiores com os sons do tudo mais.

Concluo então, que grilos e borboletas, cada qual com o seu característico som, emitem vibrações que aos meus ouvidos, mais parecem sonetos cantados por especiais poetas. 

E para não ser esquecida, registro que a chuva vem chegando de mansinho, trazendo consigo mais um som para complementar a rara sinfonia, deste bendito amanhecer.

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Vale ouvir e refletir