sexta-feira, 22 de julho de 2022

DEPURANDO-ME...

Pois é... Hoje, tô que tô com a corda toda desde as cinco da manhã, compulsivamente pensando, analisando e deixando minha mente como um rolo de filme cinematográfico ir girando sem controle e vez por outra, em paradas súbitas, vejo uma cena e então, registro escrevendo uma aqui outra ali.

Como o filme não está editado, não há uma sequência das datas em que as cenas foram rodadas e na altura de minha vida, confesso que já estou com preguiça, afinal, já editei um curta metragem em forma de autobiografia. 


Creio que chegou o momento de guardar o original, ainda mais, quando revejo cenas, onde o apuro de meu preparo pessoal, pouco valeu, num mundo perverso dos descolados.

Porque não basta ser, afinal é preciso mostrar, exibir por todo o tempo, disputando com gente muito mais preparada, quanto a autopromoção.

Não tive tempo para o marketing pessoal, mas também, nunca levei jeito, optando em me focar no apuro dos conhecimentos, no zelo daqueles que amava, na contemplação da vida.

Não tive tempo hábil e nem habilidade para ser “safo”

Faltou-me talento para postar-me diante das câmaras da vida, restando-me os bastidores das composições.

Contentei-me com as sobras dos aplausos, com as representações nos palcos dos teatros já vazios, onde fui aprendendo com o eco de minha própria voz ressoando meus textos e poesias, numa acústica absolutamente envolvente, nada mais me importando...

Sentia-me feliz, o teatro e o palco eram todos meus e o público, eu os criava em número e gênero...

Nem mesmo quando proprietária dos teatros, redatora das peças, criadora dos figurinos, detalhista das luzes, maestra dos sons, ousei mesmo que no íntimo eu desejasse, o papel principal...

Frustrei-me algumas vezes, acreditando que a minha representação seria mais autêntica, mais emocionada, mais impactante, mas faltou-me, confesso coragem para me expor a tanto...

E aí, numa parada do rolo, em um certo dia, quando ainda muito jovem, uma linda criatura, chamada Hilda Roxo, que me amava profundamente, profetizou: “Regininha, tu serás sempre a pérola, jamais serás a concha, assim como somente, sensíveis mergulhadores, serão capazes de te encontrar e cautelosamente, terão cuidados especiais ao te tocarem"...

Penso então, que quando a cortina do meu teatro se fechar definitivamente, há de existir uma mão sensível que ao mar me devolverá...

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