sábado, 25 de fevereiro de 2023

LIBERDADE...

E aí, neste calor abrasador diante do computador, mais uma vez lembro do Rio de Janeiro e da vitrola americana dos anos cinquenta que ficava debaixo da escada no saguão que dava acesso ao segundo andar.

Cercada por duas poltronas e um belo tapete  colorido em tons de vermelho, onde eu costumava brincar enquanto, nas tardes, minha mãe ouvia suas músicas, bordando algum vestido para mim em delicada cambraia de linho.

Essa lembrança, me veio clara, podendo neste instante, enxergar o enorme vitrô que deixava passar a claridade de um sol inesquecível, por detrás daquele móvel escuro enorme de onde saiam os sons que acompanharam a minha infância e grande parte da minha adolescência.


Tudo isso está acontecendo, graças a umas músicas incríveis de Blues que um querido amigo desde ontem, tem me enviado e que em épocas passadas, preencheram o salão e a minha mente, levando-me a criar um espantoso senso de liberdade e posso inclusive, ver-me rolar com apenas calcinhas de frufru na bundinha, minha vestimenta preferida, cena repetidamente revista no comportamento cotidiano de minha filha Anna Paula, afinal, “peladonas” sempre será o nosso estado natural, quando o calor aperta... 

Música diária, braçadas vigorosas de uma mãe nadadora que equilibrava o tradicional com a desportiva arrojada e ainda, generosamente deixava uma variedade incrível de sons e batidas musicais, inundarem nossa casa de vida, mas principalmente, nos moldando sem nada falar com uma base de exemplos de liberdade de ser e de viver apaixonadamente.

Mulheres incríveis, foram as de minha família, cada qual, senhoras apenas comuns mas, absolutamente cônscias de suas liberdades enquanto pessoas, numa época de muita repressão de todos os níveis, que com suas expressividades elegantes e silenciosas, só faziam o que lhes davam conforto emocional, abrindo assim, amorosamente as pistas, por onde trilhei minha própria vida.

Esse texto dedico as Hildas( mãe e tia), Nair, Helena, Luiza, Carlota e as pioneiras libertárias avós, Regina e Maria, das quais, herdei os nomes e que na verdade, foram os abre Alas de todas nós...

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