Acordei pensando no quanto foi importante para a minha formação e aperfeiçoamento cognitivo, ter tido desde a infância, um espelho de corpo inteiro fosse na sala principal, fosse nos muitos quartos ou banheiros que tive ao longo da vida, afinal, fui aprendendo a ir acompanhando o meu natural desenvolvimento e transformações, assim como enxergando além da visão estética, podendo então, ir corrigindo, aperfeiçoando, amando e principalmente, me aceitando e quanto a estética, a esta, fui doando a generosidade da compreensão dos limites da minha intervenção lógica, diante da atuação absolutamente natural do tempo, fazendo dele um aliado e não um inimigo.
Parece texto de autoajuda e é, na medida que se deu certo pra mim que sempre fui uma narcisista convicta, certamente dará pra você que me lê e que mesmo não confessando, se revela a cada instante, seja agindo, falando e pensando como uma eterna vítima, seja do sistema, da origem, da família, dos vizinhos e do tudo mais a sua volta, como se o mundo inteiro estivesse sempre pronto a lhe ferir e você tenha que estar em continuado alerta.
E aí, do amanhecer ao anoitecer de um só dia, seu tempo é consumido com o externo e nada burilado em si mesmo, num contínuo transtorno psicótico que você alivia e disfarça, exaltando a estética ou devotando-se à vida alheia ou em salvamentos generosos dos outros, para esquecer de si próprio.
E aí, perde a oportunidade de descobrir e saborear a bolacha saborosa que está lá quietinha, esperando para ser degustada.
Quando aprendemos a nos saborear como se fossemos a última bolacha de nosso pacote de vida, sentimo-nos tão plenamente completos, que o tudo mais, mesmo que contrário, seja por indiferença ou inveja, torna-se bem-vindo complemento e nada pode nos atingir, já que narcisisticamente, nos blindamos amorosamente com a nossa própria luz, pois, a cada instante, lambemos os lábios e dizemos mentalmente, amém.
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