A concessão pessoal é um processo racional em que a pessoa permite a si, algumas opções de atos comportamentais, justificando-os como seu direito.
Geralmente, cada pessoa segue de praxe, condutas previamente estabelecidas pelas regras do sistema social, no qual, se encontra inserida, todavia, isso não significa que vez por outra, fuja as regras de qualquer natureza, oferecendo concessões extras que lhe inspire algum tipo de prazer, já que uma ação está intimamente ligada a outra, uma vez que o sentido compensatório está atrelado as necessidades cognitivas, por mais insignificante que possa parecer, fazendo das ações, pensamentos, sentimentos e emoções, atos continuados de concessões.
Daí, poder-se compreender com mais agilidade mental, os excessos que caracterizam alguns sentimentos como a vaidade, raiva, dominação e submissão, que podem ser encontrados em qualquer grupo social e cujas motivações, se misturam por razões emocionais diversas a um único objetivo, que é a busca ou manutenção de situações que trazem no mínimo o prazer na “acomodação”, já que em todas as situações, o fator compensatório mental se encontra inserido, mesmo quando, aos olhos e entendimentos alheios, trata-se de um pequeno, médio ou estrondoso absurdo.
Toda essa dissertação, tem como objetivo esclarecer as razões que fazem com que abracemos e até mesmo, suportemos situações vivenciais que fogem à racionalidade e a lógica em todos os níveis de compreensão.
Por exemplo:
O que leva parte de uma população a aceitar, defender e sistematicamente, votar em políticos que notoriamente se comportam como exploradores bem sucedidos dos bens públicos?
O que estimula uma mulher a justificar-se em permanecer sofrendo os continuados abusos domésticos?
O que leva pessoas a anularem necessidades legítimas em função de situações esdrúxulas ao entendimento racional da maioria?
O que leva a uma pessoa a desconsiderar os transtornos que suas ações causam ao seu entorno pessoal?
Será que para tudo haverá sempre uma qualificação patológica ou poder-se-ia dizer que grande parte dos ocorridos são originários de pequenas concessões que a criatura vai concedendo a si, começando geralmente na infância, numa violação explicita de regras e valores que, podem até estarem ultrapassados nesta corrida evolutiva social e humana, mas que em regra geral, representaram estímulos reflexivos que por sua vez, foram e são capazes de colocar limites nos quereres, compulsão contínua da mente, em contrariar os sentidos nas suas precisas avaliações, unicamente para manter intocável, algum tipo de prazer.
E antes de me contestarem, reflitam se o ato de se acomodar a uma situação, seja ela qual for, não lhe esteja devidamente justificada em razão de uma qualquer de suas necessidades ou quereres, portanto, confortável e que lhe garante o prazer de pensar que tudo está certo, inclusive ser cumplice com a sua omissão deliberada de falcatruas públicas que flagelam grande parte da população de uma cidade, assim como a si próprio, pois, em algum momento, estará diante de uma das mazelas produzidas ou mantidas.
Recusar-se deliberadamente a não reconhecer o óbvio é acima de tudo uma concessão que pode ser justificada pela ignorância produzida pelo temor em admitir a própria miserabilidade, aceitando a esmola como justificativa, mesmo tendo diante de si, o afrontoso contraponto do luxo e da ostentação.
Concluo que as concessões são os básicos reguladores das éticas pessoais, em relação as nossas condutas públicas ou privadas.
Capiche?
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