sexta-feira, 13 de agosto de 2021

ABRAÇANDO O PRAZER...

Neste amanhecer de sexta-feira que ainda não clareou, coloquei Chopin, som que acompanhou a minha vida diariamente, até os 18 anos, quando me casei e fui ter a minha própria casa.

Minha mãe e meu irmão eram aficionados em música e tinham um apuro imenso na escolha dos sons que, simplesmente harmonizavam o ambiente e os nossos ouvidos e com certeza, os clássicos para ela e o Jazz para ele, eram indispensáveis e dentro desta maravilha de apuro musical, Chopin e a leveza do piano, com certeza colaboraram e muito para eu ser essa criaturinha apaixonada pela capacidade humana em criar, seja lá o que for.


Coisa bonita é “gente” na sua infinita diversidade... Maquina perfeita, ciência exata.

A sonoridade de chopin ao piano me é comparável a delicadeza dos dedos de minha mãe, bordando meus vestidos, recostada na poltrona de nossa sala, tendo a sua frente, a janela que também a permitia enxergar o céu das tardes de um Rio de Janeiro bucólico, de uma Ipanema tranquila e naturalmente elegante com seus belos casarios, no centro dos muitos quintais que, transformavam aquele local, num reduto de paz.

As largas e bem cuidadas calçadas, eram ornadas com frondosas amoreiras, refúgio dos pássaros que observavam o ir e vir ininterrupto de gente, naquela época, mais cordiais, sem tanta pressa e de uma infância mais autêntica, mais participante do apenas brincar.

 E foi nesta época, em uma dessas calçadas de uma infância livre e inesquecível, que aprendi a abraçar as árvores. Elas eram tão grandes e me pareciam ser o mundo e sequer eu poderia imaginar que aquele prazer, estava compondo os meus sentimentos e que, dali em diante, literalmente, eu abraçaria a vida, reconhecendo com precisão, tal qual, os acordes das divinas composições, as notas que me eram afins, com um simples olhar, com um simples toque... 

Todavia, meu mestrado de vida e liberdade foi conquistado nas matas e principalmente no riacho de Guapimirim, entre o respirar o cheiro da terra sempre úmida do orvalho deixado pela noite com seu delicioso aroma deliciosamente perfumado e os arrepios que logo se transformavam em gozos de imenso prazer, nos intermináveis banhos nas águas geladas da cachoeira, tendo como companhia a natureza e os acordes de seus próprios sons.

Oh! Deus como eu vivi e aprendi a gostar da grandiosidade do apenas simples e natural...

O tudo que vivenciei ao longo de minha vida, teve como companhia fiel, a bendita música e toda a sua carga vibratória que fazia o papel de balizadora de minha sempre ansiedade em querer provar o mundo, como se a vida fosse a minha própria calçada de muitas traquinagens e de uma liberdade indescritível.

Um dia especial para você que carinhosamente lê a simplicidade dos meus escritos, desejando-lhe momentos de total despojamento, onde o seu melhor, encontre espaço para se expandir entre as muitas atividades que envolvem sua rotina, fazendo-o lembrar-se que a vida é bela, mas é breve, portanto, desperdiça-la, por quê?

Encontre no dia de hoje a sua árvore e abrace-a com ternura, num encontro divino com o prazer.

Simples assim...

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