terça-feira, 3 de agosto de 2021

RECORDANDO...

Este mês de agosto que ora começa com os seus tradicionais ventos fortes, leva-me a pensar no mais de meio século em que convivi contigo, meu amor e que, foi justamente num agosto friorento do sul do país, entre vinhos, passeios e muitos sorrisos, que surpreendentemente tu fostes embora sem sequer um adeus, deixando nesta tua companheira um vazio incomensurável que confesso, venho arduamente enfrentando, buscando preenche-lo com meus escritos que te fascinavam, com nossos filhos que me cobrem de mimos, com preciosos amigos e com o estímulo de meus pássaros e borboletas que sempre povoaram o lúdico que coloriu o nosso relacionamento de profunda parceria, estruturada numa poderosa amizade que fomos consolidando na bendita aceitação das nossas imperfeições.


Já não o tenho mais para comer meus quitutes que saboreavas como se fossem banquetes dos Deuses, por mais simples que fossem. É certo também que vai fazer um ano, justo neste agosto, que não sinto tuas mãos alisando os meus cabelos em carinhosos cafunés, que me faziam adormecer em absoluta paz.

Sinto falta de implicar com a tua sempre mania de jamais fechar uma porta de armário ou gaveta, mas em compensação, era raro o dia em que não levavas a toalha de banho para que eu pudesse me enxugar, pois, a minha mania era de esquecê-la no varal.

Era possível os vizinhos ouvirem: 

Tiãoooo, pega a toalha para mim!!!!

Desde a tua partida, também não sento a mesa para  fazer as refeições, afinal, mais que para comer, fazíamos do café da manhã a janta, grandes e imperdíveis encontros, onde trocávamos impressões, sobre tudo.

Sinto dolorosa saudade dos nossos intermináveis papos na varanda, tendo os pássaros como parceiros fiéis, onde tu lias os meus escritos e eu, achava graça da tua devoção por decorares enormes trechos que haviam te impactado. 

Fostes o meu mais fervoroso incentivador, meu constante fã, meu revisor, meu mestre, meu guia de inspirações, fostes também em muitos momentos, provocador de iras e de tormentos, mas com certeza, meu divisor das águas evolutivas de minha intelectualidade e amadurecimento.

Foste o toque apreciado, o beijo ardente e o amparo mais que bem-vindo.

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